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A pandemia iluminou mais do mesmo. Celebridades da pandemia rezam para que ela volte com toda força para que o networking que realizam volte a brilhar e as câmeras voltem a buscá-las. "Vaidade, meu pecado preferido", diz o diabo vivido por Al Pacino no filme "Advogado do Diabo".

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Países chiques europeus continuam achando que nós, latino-americanos, somos um lixo. Em vez de se informarem sobre como os números estão por aqui, continuam presumindo que vamos morrer todos em meio à miséria, a ignorância e o coronavírus e fecham suas portas para nós.

Muitas vezes a desinformação vale mais do que perder tempo com gente que não vale nada, como nós do Sul.

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A América Latina importa menos, em termos geopolíticos, do que a África. Esta, sendo ainda mais miserável que nós em termos institucionais, é mais fácil ainda de ser roubada e tem uma elite ainda mais canalha do que a nossa para ajudar na corrupção.

Além disso, a África está a poucas braçadas da costa norte do Mediterrâneo. Uma vez em terra firme, ninguém segura os refugiados que todos detestam, apesar dos eventos melosos em favor deles por aí. Refugiado é sempre bem-vindo, contanto que não no seu quintal. O mercado de tráfico de refugiados é quase um mercado de tráfico de escravos. Mas ninguém está nem aí. A indiferença, como sempre, permanece um grande ativo.

A COP26 foi um concílio bizantino. Explico: na velha Constantinopla bizantina –Istambul, uma das cidades mais lindas do mundo– havia muita pompa e circunstância para discutir que porcentagem de Jesus era divina e que porcentagem era humana.

Nenhum país rico quer correr o risco de dar dinheiro para países pobres e suas empresas, que podem vir a competir com as dos países ricos nesse maravilhoso mundo da energia limpa. Além do mais, os países ricos sabem que os governos e a elite dos países pobres são muito corruptos e roubam dinheiro de doações internacionais –uma forma de corrupção equivalente a bater carteiras. A corrupção dos ricos come com garfo e faca e tem PhD.

Claro que precisamos enfrentar o aquecimento global, antes que algum inteligentinho atire a primeira pedra. Mas só isso não basta. Só se fará qualquer troca de matriz energética se os mesmos ricos continuarem ricos. Isso é maior do que todos os salamaleques da mídia diante de mais um dos seus fetiches.

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Ao mesmo tempo, a COP26 se fez um desfile de candidatos ao estrelato verde. A velha Greta Thunberg perde a pole position, como é chamado o piloto que inicia a corrida na primeira posição do grid de largada na Fórmula 1, para a ugandense Vanessa. Ser branquinha, agora, nesse mercado, é um passivo. Quem diria, né?

A COP 26 iluminou mais uma vez o fato de que ter um problema real não é o suficiente para resolvê-lo. Mais do que tê-lo, é necessário perguntar quem ganha com a forma sugerida para resolvê-lo.

Cientistas, intelectuais, jornalistas, todos parecem um bando de tolos achando que basta crer, assim como creem no poder do sangue de Cristo os evangélicos, para o mudar o mundo. Quem disse que o mundo foi "desmagificado"? Sorry, Weber.

E as guerras? Passaram, graças ao poder do sangue de Cristo. Não é bem assim, afinal. As guerras se fizeram muito caras devido ao avanço tecnológico. Esse é o segredo da paz, não o amor a esta. É necessário dar a César o que é de César. O capitalismo, até agora, julga não valer a pena matar em escala industrial. Não se trata de amor à vida, como pensam os incautos. Ninguém ama a vida quando se trata de geopolítica.

A vida humana é uma commodity barata. Espécies em risco de extinção valem muito mais. Além de tudo, a irracionalidade do Homo sapiens é um fato científico. Antivacinas estão mais espalhados por países ricos do que por aqui. Ninguém precisa de um Bolsonaro ou de um Trump para sê-lo. Basta crer que se sabe muito mais do que os outros sobre os misteriosos caminhos da ciência. Basta acreditar numa natureza sábia e generosa –apesar de o câncer ser tão natural quanto praias desertas.

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Você ficaria chocado se soubesse quanta gente inteligente acredita que o natural está limitado ao fisiológico e não inclui o patológico. Diria você: "Não é possível! Não sabem que a morte é natural?".