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Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Anti-semitismo e impeachment

(Foto: EFE/Andre Borges)

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Não há mais como negar: Lula está consistentemente se alinhando a todos os inimigos de Israel, inimigos do Ocidente e do estado de direito, da decência e de tudo de bom que a humanidade conseguiu construir. O chefe do Executivo se alia a vários países que ainda estão ou nunca saíram do modelo autocrático - leia-se ditadura - e o Brasil está sendo levado a esse bloco extremamente rápido. Não foi um discurso à toa, para render mídia e até como se refere o presidente do senado, Rodrigo Pacheco, mas vem de uma construção perigosa, calculada e que não vai parar sem impeachment.

Cito cinco atos que demonstram cisão diplomática desnecessária: 

1. Financia e vai continuar financiando a UNRWA, que tem operadores do Hamas;

2. Aderiu à carta da África do Sul que condena Israel por se defender;

3. ⁠Entrou no tribunal de Haia contra Israel;

4. ⁠Proferiu discurso anti-semita alinhado com Hamas;

5. ⁠Convocou o embaixador em Israel de volta ao Brasil.

Não é a primeira vez que Lula se pronuncia dentro de um contexto antidemocrático. No ano passado, todos os países do mundo civilizado estavam retirando investimentos de uma organização supranacional dentro da ONU, a UNRWA, responsável por refugiados palestinos e comprovadamente composta por vários membros do Hamas. Todos pularam fora, mas o Lula dobrou a aposta também nisso. Resolveu financiar essa organização com o nosso dinheiro. 

Ademais, ele coloca o Brasil em uma rota de colisão com seus aliados tradicionais e com a própria sociedade, pois não está atacando apenas o estado constituído de Israel, como bem apontou o ministro Netanyahu, Lula também condena a religião judaica e a etnia judaica. Ele ataca os três, indistintamente. Trata-se de não apenas um problema do discurso, mas fruto de uma atitude incompatível com a postura de um protagonista do estado. 

Como detentor de poder institucional, ele não poderia jamais fazer essa colocação, pois se trata de uma declaração de guerra velada que ameaça o país não apenas em sua soberania territorial, mas na redução de aportes de investimentos e sob o risco de sanções internacionais. E ele nem se importa. 

Irã das Américas -  Países árabes como a Jordânia - que faz fronteira com Israel -, assim como Síria - que foi bombardeada -, Líbano - que tem o Hezbollah dentro de suas fronteiras -, Egito, Arábia Saudita, e outros países árabes, não se pronunciaram nesse sentido. O único estado que se posiciona de forma truculenta como Lula foi o Irã, abertamente, do ponto de vista institucional ao se declarar inimigo do estado israelense. À exceção deste último, só grupos terroristas.

Com isso, Lula se alinha a países totalmente fora da curva, arruinando completamente as nossas relações exteriores. Infelizmente, a atitude do ocupante do Palácio não é um erro, mas uma construção consistente. Sua fala não é uma demanda natural da nossa sociedade, nem das nossas instituições, mas fruto de seu desejo por novas “amizades”, provavelmente com muito poder aquisitivo. Elas certamente estão olhando para o Brasil e pensando: “que maravilha! Geopoliticamente, seria excelente para o nosso bloco ditatorial anti-ocidentais, ter uma nova mega Cuba ou um Irã tupiniquim no bloco ocidental!”.  Sim, o Brasil está a apenas um discurso de se tornar o Irã das Américas. 

Como resultado, podemos esperar que o país seja visto pela comunidade internacional como mais um com quem ela terá de lidar, como o Irã. Isso é prejudicial e não será um pedido de desculpas a remediar a situação. Talvez mais uma ou duas gerações serão necessárias para consertar o estrago. 

Dobrar a aposta e perder - Nesta terça-feira, dia 20 de fevereiro, o governo Lula anunciou que vai à corte internacional de Haia por “anexação ilegal de territórios palestinos”, a exemplo do que já havia feito, em apoio à Africa do Sul, na mesma corte, em dezembro do ano passado, sob a mesma alegação de “genocídio”. 

Curiosamente, essa palavra é de autoria de um advogado judeu polonês, Raphael Lemkin para qualificar as políticas de extermínio sistemático contra os judeus que culminaram com o Holocausto, fato que Lula nega ao comparar Israel a seus algozes. Execrável e repulsivo, são as outras duas que uso para qualificar as declarações de Lula, que obrigará todos os cidadãos de bem a se retratarem para não serem confundidos com o ocupante do Planalto.   

Repercussão Internacional - Mesmo a imprensa mainstream, com toda a força da chapa branca que tem, não conseguiu abafar o escândalo e as consequências do discurso de um presidente despreparado ou melhor, preparado para assumir a ditadura. Declarado persona non grata, isto é, pessoa que não é bem-vinda, os efeitos são mais morais que institucionais, uma vez que Lula, parece-nos, não tem intenção de visitar Israel. 

Poucas pessoas prestaram também a devida atenção às circunstâncias dos pronunciamentos dos chefes de executivo do Brasil e de Israel. Lula falou na Etiópia, na 37ª Cúpula da União Africana, para os pares com quem tinha laços ou mesmo cumplicidade, no caso da África do Sul, a quem apoiou na questão contra Israel. Ambos foram derrotados na corte de Haia. 

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fez seu discurso em uma reunião de associações judaicas americanas, evidentemente um público que tem muita influência nas decisões de investimentos e evidentemente deve orientar os investimentos dos Estados Unidos para fora do Brasil, o que também afeta as relações exteriores com aquele país.

Provavelmente o Brasil também deve deixar de contar com Israel  na cooperação tecnológica, sobretudo no campo da segurança, e pode contabilizar prejuízos no campo comercial e econômico. 

Traição da História diplomática - O maior prejuízo, no entanto, é na desmoralização do país, pois com o pronunciamento de Lula o Brasil trai sua história. Foi o Brasil, por meio do diplomata Oswaldo Aranha, que presidiu a sessão da Assembleia Geral da ONU, em 1947, após a Segunda Guerra Mundial, que criou o Estado de Israel. Portanto, não somos apenas signatários da proposta, mas articuladores de uma decisão que criou justiça para um território que estava secularmente em conflito. A presença brasileira na mediação de conflitos, tal como foi com Oswaldo Aranha e dom Pedro II, é um prestígio o qual este governo nunca irá desfrutar.

Está claro que a decisão de criar um estado israelense não resolveu as questões entre árabes e judeus, mas foi a porta de entrada para o diálogo do Brasil e dos demais países com a comunidade árabe e judaica na região. Veja a gravidade: países que não reconhecem Israel como estado não vieram a público para condenar a legítima defesa de Israel, enquanto o Brasil, que foi um dos criadores do Estado de Israel, levanta-se para condená-la. 

As consequências começam a aparecer - O pronunciamento criou cisma na comunidade judaica no Brasil, pois embora a CONIB (Confederação Israelita do Brasil), tenha declarado que a fala de Lula seja “distorção perversa da realidade”, um braço judaico esquerdista em São Paulo o defendeu.  Como sempre, a esquerda cria divisão para se firmar. 

Hoje o Itamaraty divulgou que pode expulsar o embaixador de Israel do Brasil, em retaliação ao “sentimento de emboscada” sofrido pelo representante brasileiro Frederico Meyer, por ter sido repreendido em Hebraico, língua falada em Israel e que ele não domina, embora o idioma seja corrente e, pressupõe-se, obrigatório para o representante do Brasil em embaixada tão significativa, em vista dos 148.329 judeus - dados do IBGE - que formam a segunda maior comunidade judaica da América Latina, atrás apenas da Argentina.

Por ter praticamente rompido com um parceiro tecnológico e o único democrático no Oriente Médio, o ocupante do Planalto ⁠alinhou o Brasil com países sem tradição diplomática ou com tradição belicosa ditatorial. Não haverá retratação, nem desculpas. Esse é o plano.


Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

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