Os recentes decretos contra armas não são justificáveis pela lógica, a não ser se observados como revanche contra os pilares do governo Bolsonaro. Não levam em conta o bom funcionamento da política do governo anterior e, consequentemente, só podem fazer parte do processo para implantar o totalitarismo. Mesmo através desse prisma torto, tais medidas restritivas não são compreensíveis ou razoáveis, pois quem perde é a população, o país e a própria ditadura que eles querem implementar.
9 mm, .40 SW, .45 ACP: O que significam essas siglas? São os calibres mais usados no que se refere a pistolas, por quem tem porte, para defesa pessoal, como também por policiais, militares e CAC’s - colecionadores, atiradores e caçadores. Pelo decreto, as armas e munições desses calibres estão restritos. Ou seja, o consumidor que pode comprar armas e munições, um público já muito pequeno, agora estará também limitado aos calibres inferiores a 9mm. Isso é um tiro fatal no segmento que cresceu em torno desses calibres e que se mostrou extremamente promissor, gerando milhares de novos empregos e contribuindo de fato para a redução de crimes nos últimos quatro anos.
Está claro que na cartilha totalitária o desarmamento é fundamental para estabelecer controle sobre a população. Ficou evidente também que esse governo stalinista quer o desarmamento total. Só que não pode agir de forma imediata e, portanto, vai sufocar o segmento de armas fatiando uma decisão radical.
Mas se permitir posse e porte de calibres antes restritos foi uma medida popular e eficaz contra o crime, por que extingui-la? Por que voltar atrás e gerar ampla impopularidade e possível aumento na criminalidade? Porque eles seguem o antigo modelo de ditadura: uma versão burra que o mundo já expurgou, à exceção dos países emergentes ou que nunca foram democracias. Aqui se encaixa a esquerda do Brasil e da América Latina, que ainda não se renovou e regurgita aspectos da era Stalin em sua forma primitiva.
Parece óbvio que esse governo não entende como contornar a questão do armamento civil sem repressão. Pior. Demonstra que não está disposto a adotar alternativas em vez de abraçar medidas impopulares, e que terão como resultado a destruição de políticas que demonstraram ser positivas para a sociedade. Negacionismo total.
Nega os novos métodos: a nova esquerda trabalha aspectos de formação de opinião pública por meio de subversão da cultura, valores, ética etc. Dessa maneira, a nova esquerda não requer tomada de decisão coercitiva pelo Estado tão ativamente como na era Stalin. Essa nova esquerda vence ao mudar comportamentos e opiniões antes de reprimir com leis e decretos. O efeito final pode até ser o mesmo - queda no uso de armas de fogo -, mas o semblante jurídico de liberdade é mantido. A velha esquerda stalinista reprime o povo para se consolidar no poder por meio do medo e do enfraquecimento físico dos oposicionistas. Essa burrice a torna mais indesejável que nunca.
Nega a eficácia: O Estado que não consegue proteger sua população está falido. Se a população se sente mais protegida com liberdade de comprar armas, por que privá-la desse direito? As forças de defesa se sentem tão ameaçadas assim com menos de 1% da população com posse de armas? Por que não ocorrem levantes armados contra os governos em países europeus, que têm média de 25% das casas com armas, ou nos EUA, em que 50% das casas têm armas? Se um governo acredita que ao permitir armamento nas mãos de cidadãos coloca o Estado em risco, então tudo está errado, tanto na efetividade das polícias quanto na visão de como lidar com a sociedade.
Nega o contrabando: Desde quando o exército do Brasil protege as fronteiras do contrabando? O aumento do uso por parte de criminosos de fuzis e de várias armas de fogo “proibidas” é notório. O Estado tem falhado em monitorar suas fronteiras e hoje os criminosos têm ampla vantagem sobre as polícias e a população em geral. O governo terá que gastar muito mais em propaganda para convencer a população de que está tudo sob controle, e não vai obter sucesso nessa empreitada, pois as evidências são brutais. Desde sempre a ditadura se importa mesmo é com propaganda, e quanto mais tirânico e ilegítimo é o regime, mais se gasta com ela.
Nega a inovação e a ciência: Diversas avaliações técnicas de balística conduzidas por forças policiais de vários países demonstram que há pouca diferença de penetração, estrago e “poder de parada” usando esses três calibres, agora restritos (9mm, .40 SW e .45 ACP). Os resultados evidenciam que, em testes controlados, as comparações mostram diferenças pequenas, mas a inovação em calibres menores, como 5.7mm e super 30 não param e estão avançando para se equiparar aos resultados da 9 mm. Isso para não falar que a tecnologia do calibre permitido de .380 também avança. Diferentemente do comportamento da munição na mão do atirador. Hoje, se o analista só puder medir os resultados finais dos testes, ele não saberá dizer com 100% de confiabilidade qual munição gerou tal resultado. É no ambiente de liberdade que a ciência evolui, e restringir calibres coloca o Brasil na rabeira da inovação.
Nega o marketing e a geração de empregos: para o atirador experiente, as diferenças são fundamentais. Há diversas aplicações, diversidade de tamanho e da força do usuário, e várias dimensões de tamanho de arma e canos que afetam a percepção de cada um para qual munição é mais eficaz em qual arma. Essa variedade cria o mercado, e muitos que atiram de .45 nunca irão confiar num .380, muito menos em um .22 para defesa pessoal. Quem tem menos força nos braços, ou quer mais tiros no pente da arma não usa o .40. Ao contrário, os que buscam uma arma com mais impacto, mesmo que sacrifiquem o número de tiros, não se importam com a troca.
Enfim, as combinações são infinitas e geram também uma infinidade de acessórios, o que significa mais empregos no setor. Ninguém tem a fórmula mágica de qual tamanho de arma, potência e calibre seria o melhor. O único limite é natural: o tamanho da arma e o recuo da arma na mão do atirador no momento do tiro. Esse limite é diferente para cada um, contanto que a arma não exerça tanta potência a ponto de o usuário não conseguir portá-la. Diversidade gera oportunidades e oportunidades geram empregos, renda e impostos.
Nega a produção e a exportação: Eventual limitação de opções similares não significa manter o mesmo volume consumido, só que do calibre permitido. Tal premissa não existe em nenhum segmento da economia. Por exemplo, se for restrito o calibre .45, uma parcela de atiradores irá abandonar a prática do tiro, em vez de passar a atirar com .380 ou .22. Quanto mais diversidade no segmento, mais volume ele movimenta e maiores são as economias de escala na compra de matéria-prima para munições e sinergias na parte de produção. Maior volume é igual a custos e preços mais baixos. Sim, a restrição pode gerar aumento de preços para munições por estarem vendendo menos. O Brasil exporta armas e munições e o mercado interno ajuda na escala para se obterem preços competitivos fora do país ou até mesmo para aquisição policial e militar. Tiro no pé.
Nega a prática: Na prática, quem opta por comprar armas e munições legalmente não são os que buscam praticar crimes, mas se defender de quem adquire armas ilegalmente. Menos armas nas mãos de cidadãos significa mais crimes e não o contrário. A realidade demonstra que quem tem a oportunidade de praticar tiro apresenta menos chances de manusear errado armas de fogo e mais chances de estar protegido. De fato, o governo não é razoável, é vingativo, age contra si próprio em vários fronts e não sabe o que está fazendo. De novo.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS