| Foto: Agência Câmara
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A oposição está difusa entre partidos de direita e do centrão. Não há conjunção ou predomínio de nenhum deles, mesmo que o PL concentre o maior número de parlamentares.

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Em termos de dispersão partidária a oposição está dividida entre  PL, PP e Novo.  Republicanos mantém neutralidade e, dependendo das causas em pauta no Congresso, alguns deputados de centro e centro-esquerda podem vir a se opor ao governo.  Portanto, não se pode dizer que há coesão entre esses partidos em todas as pautas.

Essa falta de coesão ocorre principalmente porque deputados não estão coesos em suas ideias. Sobre esse ponto, para se sustentar o que é a direita de forma coerente, é preciso ter como base três pilares: soberania nacional, valores de família e livre iniciativa. A nova direita surge apoiada neles, mas não necessariamente de forma simultânea,  e tal como uma cadeira, quem se senta não pode prescindir de nenhuma das pernas que servem de apoio, sob o risco de cair.

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O primeiro pilar trata da soberania: proteção do território e do cidadão, em primeiro plano; preza por representar as instituições e tudo aquilo que é Brasil - símbolos nacionais, forças armadas, polícia federal, polícias estaduais e todos os sistemas que garantem a lei, a ordem e a independência da pátria.

Para se sustentar o que é a direita de forma coerente, é preciso ter como base três pilares: soberania nacional, valores de família e livre iniciativa

O segundo pilar é um ideal identitário e ao mesmo tempo comportamental, representado pela família, fé, costumes e pela tradição, em que são valorizados a proteção às crianças e à vida. Isso advém diretamente de premissas antiprogressistas: princípios de ordem natural e da aversão à ideologização das crianças nos meios de ensino, do resgate histórico e da preservação de seu patrimônio como definidores do que fomos, o que somos e o que seremos.

O terceiro está ligado à livre-iniciativa: liberdade econômica, garantia da propriedade e não-interferência do estado na vida dos cidadãos que querem empreender, criar empregos, gerar riqueza pessoal e para o país. Isso inclui a valorização da indústria, do comércio e do agronegócio como atividades que propiciam o desenvolvimento a partir da produção local, e a criação de lastro monetário com as exportações. Nesse pilar, também está a defesa de todos os que trabalham e querem mais e melhores oportunidades, sem as amarras das muitas e desnecessárias regulamentações.

O cenário atual da oposição é formado por parlamentares que individualmente representam um ou no máximo dois desses pilares, mas raramente há quem defenda os três ao mesmo tempo de forma constante. O maior grupo é o que se concentra nos valores de família, e o segundo é soberanista . O menor deles é o da pauta liberal. Portanto, a oposição está difusa tanto em partidos como em ideais representados.

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Para que a oposição esteja coesa, o primeiro passo é estabelecer uma definição comum. Segundo é necessário que a opinião pública assim como um ou mais partidos reforcem o alinhamento com essa definição.  A coerência só é possível de ser mantida com cobrança dentro dos três pilares fundamentais e indissociáveis.

Não é possível estabelecer oposição real se os deputados só se preocuparem com questões de família e votarem contra pautas liberais, ou só votarem a favor de pautas liberais e não defenderem questões  relativas a família e soberania. Do mesmo modo, um partido de direita não se sustenta só defendendo questões de fé cristã e de família, mas seus deputados votam políticas públicas socialistas e não conseguem perceber as práticas de interferência internacional no país.

A coesão ideológica é oprimeiro ponto de partida e depois vem a cobrança pela sociedade e finalmente pelo partido.

Em que estágio estamos?  Estamos no estágio inicial de construção dessa oposição. Estamos muito melhor do que antes, tanto na coesão ideológica de deputados assim como nos partidos, mas não há consolidação.  O estágio é embrionário.

Desafios? Ainda existem vários desafios que colocarão a nascente oposição à prova; o maior deles é a subversão dos partidos e dos deputados pela corrupção ou chantagem. O segundo é rejeitar as propostas destrutivas que o governo quer propor, mas contam com apoio maciço da máquina pública e da mídia. O terceiro é debelar a esquerda mortadela que está para ressurgir de volta às ruas com os bilhões que o novo governo gastará para recriá-las: lembremos que desde 2016, no impeachment da Dilma, a esquerda não consegue mobilizar gente para ocupar as ruas.

Vamos sobreviver? Esse ano de 2023 definirá se a oposição irá retroceder às práticas da velha política, se iremos sobreviver ou se iremos evoluir. Se considerarmos a falta de popularidade do governo, a desqualificação de seus ministros e suas decisões baseadas em ideologia contrária a uma parcela expressiva da população, a oposição tem boas chances de brilhar.