A velha imprensa fez pouca menção ao que sucedeu no último dia 15 de novembro. Só quem é veterano do “Fora Dilma” e acompanha o termômetro do ativismo nos grupos e nas ruas é capaz de atestar a seguinte afirmação: as manifestações contra o governo foram as maiores de 2023. É certo que, em termos numéricos concentrados, foram inferiores às de 2022, mas é notável o crescimento dos protestos.
Foco: O criminoso no poder é a razão de toda a desestabilização do Estado de Direito. Por mais que seus ministros cometam crimes e por mais que o STF atropele a Constituição, eles só agem por saberem que há uma figura que os protege e permite seus atos. Sem o chefe do desgoverno não há outra liderança da esquerda capaz de concentrar apoio de partidos políticos, juízes e instituições públicas, inclusive Forças Armadas e Polícia Federal. Sem o criminoso mor há menos integração do grande plano totalitário que envolve medidas de controle social, econômico e político. O foco é nele.
Escopo nacional: Os protestos ocorreram em todo o país, várias cidades aderiram e o tamanho da adesão variava muito de cidade para cidade, mas a coesão foi grande. Em São Paulo, a adesão foi a maior deste ano.
Espontaneidade: Impressiona a coragem e a capacidade do brasileiro de se organizar em caráter totalmente independente – sem nenhum parlamentar, político, partido ou mesmo Bolsonaro chamando a população às ruas. Poucos políticos, como eu, participaram, mas a convocação foi feita por novas lideranças ativistas que surgem da sociedade.
Indignação: A percepção da opinião pública foi de que o governo é o crime organizado, vinculado com ditadores e terroristas. Essa percepção cresceu e se tornou praticamente inegável dentre os que se mobilizaram. Políticos, mídia e partidos de esquerda tentam diminuir os escândalos que associam o governo a tudo que há de ruim no Brasil e no mundo, mas não conseguem. As evidências são patentes. O início do “fora Dilma” foi assim – raramente algum veículo de mídia dava cobertura, até que as manifestações se tornaram maciças. Como testemunha, afirmo que o início do “fora Lula” já é maior que o início do “fora Dilma”.
Desamparo: Para quem segue a pauta política, a sensação é de desamparo. Não há decência no governo, em parlamentares, juízes; a corrupção e a bandidagem assumiram o controle. A sociedade está sendo constantemente aterrorizada com as medidas, posturas, posicionamentos e pronunciamentos do governo. Um bom governo deveria trabalhar para apaziguar os ânimos, tranquilizar a todos e canalizar a atenção em torno de uma visão, ao contrário deste, que mantém corruptos e criminosos em seus quadros, não reconhecendo seus erros e dobrando a aposta contra a opinião pública em todos os fronts.
A liderança para evitar que o Brasil fique nas mãos de criminosos não está no sistema, mas na opinião pública, nas manifestações de rua e nas novas lideranças ativistas que irão surgir da sociedade civil
Fragilização: Ficou também claro que a sociedade se sente fragilizada não apenas pelas questões de segurança, mas também por questões da reforma tributária, o que é um avanço tremendo. Esse tema é técnico, mas finalmente ganhou as ruas e a atenção dos ativistas por se darem conta de como a reforma tributária está no cerne do plano totalitário do governo e como ela pode fragilizar ainda mais a classe média.
Legislativo comprado: Como deputado, é altamente constrangedor admitir que o Poder Legislativo tem preço e está vendido. À exceção de 100 a 120 deputados de oposição, todo o resto dos 513 eleitos ou é base do governo ou Centrão que foi comprado pelo Executivo. E, além de estarem à mercê desse governo, também sofrem achaques e pressões do STF. Dessa conjuntura pode-se concluir que não haverá liderança parlamentar para neutralizar os planos do governo. Mais uma razão para as pessoas irem às ruas com força suficiente para liderar esse processo. Dessa forma, os deputados certamente irão abraçar suas ideias e mesmo aqueles do Centrão, em cima do muro, virão se juntar a esse abraço.
O lado bom: Quem compareceu a qualquer uma das manifestações teve uma surpresa positiva, pois, apesar de alguns boatos que poderiam intimidar a presença das famílias, elas estavam presentes, sim, e pudemos constatar que a mobilização é crescente. Esse movimento é essencial para que deputados e senadores possam ecoar a vontade do povo no parlamento. O parlamentar médio é fraco, não tem opinião e quase nenhuma perspectiva; portanto, toda concentração de gente nas redes sociais ou nas ruas é capaz de intimidá-lo. As pessoas começam a entender que, se elas não fizerem nada, também nada acontece no âmbito legislativo. Isto é, a liderança para evitar que o Brasil fique nas mãos de criminosos não está no sistema, mas na opinião pública, nas manifestações de rua e nas novas lideranças ativistas que irão surgir da sociedade civil.
O movimento “fora Lula” começou, e pelo bem do Brasil não deve parar até nos libertar do crime organizado e da injustiça que o acompanha.
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