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Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Gabinetes do Ódio: de MAVs a Mynd8

(Foto: Bigstock)

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Há décadas a esquerda combate a censura. E há décadas, sempre que assumiu o poder, praticou a censura o quando pôde. Essa diretriz já era clara para o movimento comunista desde o Manifesto Comunista de 1847. Nele, fica explícito que a concentração da comunicação nas mãos do estado é tão vital para o processo comunista quanto o fim da propriedade privada.   

Chegamos à segunda década do século 21 e podemos fazer a seguinte pergunta retórica: Quem inventou as patrulhas digitais, o cangaço virtual que trouxe as práticas da imprensa marrom, as fake news e a censura para a internet? Acertou quem respondeu que foi a esquerda. Desde 2010 a esquerda criou mecanismos para espionar, caluniar, apagar comentários, inventar notícias, sujar biografias e assassinar reputações. Até agora.

Para refrescar a memória de quem viveu a era do primeiro governo Lula/ Dilma/Temer, ou ainda contar os fatos que ocorreram a quem não tinha nem idade para viver aquele pesadelo, vamos voltar a 2011. 

MAVs, os guerrilheiros virtuais

Em setembro daquele ano, no 4º Congresso do PT,  a executiva decidiu montar uma "patrulha virtual" e treinar militantes para fazer propaganda e criticar opiniões em sites de notícias e redes sociais como Twitter e Facebook. O plano incluía promover cursos e editar um "manual do tuiteiro petista", com táticas para a guerrilha na internet. A ideia era recrutar a tropa a tempo de atuar nas eleições municipais de 2012, e ao mesmo tempo marcar território nos meios de comunicação recorrendo a militantes amadores, uma vez que a profissão de jornalista ainda não havia sido desregulamentada, o que viria a ocorrer no governo Dilma. Saberemos adiante por quê. 

Os núcleos de Militância em Ambiente Virtual (MAV) começaram com o treinamento de membros do próprio partido e depois se expandiram para capacitar jornalistas e blogueiros em número suficiente para subverter opiniões em todas as redes. O centro de decisões daquele congresso de 2011 era, por isso, a defesa da regulamentação dos meios de comunicação. 

O escolhido para levar adiante o projeto foi Adolfo Pinheiro, coordenador de campanha de Aloizio Mercadante ao governo de São Paulo em 2010. Ele entregou a Rui Falcão, então presidente do partido, uma série de propostas de atuação para os militantes virtuais do MAV, dentre elas espalhar núcleos do MAV por todo o país, treinar militantes para repetir palavras de ordem e usar janelas de comentários de blogs e portais noticiosos para contestar notícias que julgassem negativas contra o PT. 

O plano, entretanto, só se efetivou com a criação da Agência de notícias do PT, em 2014, por iniciativa de Dilma, que obteve apoio dos próprios sindicatos para desregulamentar a profissão de jornalista, dispensando o diploma para o seu exercício. Os meios de comunicação tradicionais comemoraram, pois o Ministério do Trabalho não seria mais um entrave para a contratação de indicados, muitas vezes sem experiência, talento e por salários muito mais baixos.

Ao mesmo tempo, houve uma corrida da esquerda em busca de jornalistas desempregados, a quem foram oferecidas oportunidades de recolocação nos núcleos do MAV, evidentemente. Foi criada, enfim, a tropa de choque para a geração de narrativas na internet. As tentativas de censura firmadas no congresso de 2011 também fazem parte do próprio programa do partido, com destaque para a criação de um Conselho Federal de Jornalismo e de mecanismos de restrição à liberdade de pensamento, ambas rejeitadas pela sociedade e pelo congresso na época. Mas eles não desistiram. 

Os MAVs foram responsáveis, inclusive, por tentar transformar o legítimo impeachment de Dilma, acusada de dilapidar os cofres públicos e dar “pedaladas fiscais”, no mote monocórdico do golpe: “Foi gópi!”. Os sites e blogs que diminuíram os números de manifestantes nas ruas, em 2016, por ocasião do mesmo impeachment, faziam parte dos MAVs. No governo Dilma, com o caixa reforçado, eles receberam um bem-vindo apoio de veículos que eram favorecidos por verbas para fazer o mesmo serviço sujo, a peso de ouro, que os filiados faziam de graça e como massa de manobra. Dilma, a guerrilheira, recrutou seus iguais para fazer o mesmo que vemos hoje. 

E quando a festa da Dilma acabou em impeachment, Temer desmobilizou milhares de MAVs que foram prontamente absorvidos pelos prefeitos e governadores da esquerda para garantir continuidade.  Por isso que é importante para a sociedade rever quem ela elege para os cargos executivos locais, pois tudo que fica impedido no nível federal é rapidamente repassado ao nível local.

Mynd8, os novos militantes digitais

De volta para o presente, não surpreende o escândalo promovido por essa agência de mídias sociais, que tem em sua administração artistas ligados à esquerda e desconhecidos que magicamente receberam mais de 1 milhão em contratos do governo, entre 2014 e 2023. A Mynd8 também trabalhou na campanha de Lula em 2022, e em fevereiro daquele ano fechou negócios com o ocupante do Planalto, em reunião com outros influenciadores de esquerda. No governo Bolsonaro, essa agência recebeu apenas dois contratos que somaram pouco mais de 49 mil reais. 

Em seu perfil, a dona da agência se orgulha de revelar que administra mais de 400 páginas, a maioria de fofocas - o que é ironicamente significativo - e que 7 a cada 10 internautas acessam as suas páginas. Em 2022 a Mynd8 foi acusada de extorsão por outros canais de fofocas que, obviamente, não eram seus “clientes”. Revivendo os tempos da imprensa marrom, a agência exigiu 35 mil reais de um internauta, que nem era famoso, para cancelar o cancelamento que ela mesma tinha promovido por meio de suas páginas. 

Um verdadeiro cartel de cancelamento, que teve sua descoberta devido ao trágico acontecimento da jovem Jéssica Vitória Canedo, que se suicidou depois de sofrer difamação em mais de 30 páginas sob o guarda-chuva da Mynd8: repercutiram o mesmo texto difamatório e falso, mesmo depois de apelos da jovem e de sua mãe. Após o ocorrido, claro, houve uma corrida da empresa para apagar tanto páginas como comentários no perfil da estudante. 

O caso deve tramitar na justiça, mas é na sociedade que está a cura. Essas tragédias vêm desvendar práticas subversivas, mas também servem para inocular a sociedade, para  que ela desenvolva anticorpos contra as redes de controle que esse tipo de governo sempre irá criar. E mesmo que a Mynd8 desapareça, uma nova organização tomará seu lugar, pois para a esquerda marxista, a “revolução continua”.  

As descobertas de vínculo da Mynd8 com o governo podem gerar Impeachment? Ou Impugnação de chapa? Uma CPI honesta ajudaria na descoberta de mais detalhes, o que já é esperar muito. Em seguida, uma justiça eleitoral idônea também poderia fazer, pasmem, justiça quanto à criação e as práticas de tais organizações durante o período eleitoral.  Nesse caso, podemos chamar de esperar o impossível.  

De qualquer forma, a sociedade ganha com a exposição deste caso - e é isso que a história sempre comprova: quando uma sociedade perde o medo do seu ditador, o ditador está em apuros.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

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