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Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

Crise no IBGE

O IBGE e a distorção da verdade

O presidente Lula, e o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, durante sua cerimônia de posse em Brasília, 18/08/2023. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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No dia 26 de setembro, funcionários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, protestaram em frente à sede do Rio de Janeiro contra a nomeação do presidente da entidade, Marcio Pochmann, apadrinhado do governo Lula.

Os manifestantes acusam Pochmann de autoritário e o criticam por desqualificar o corpo de funcionários e a tradição de 88 anos do órgão. Em uma primeira leitura, essa revolta interna parece ser parte de um movimento classista, e realmente o é, pois diz respeito aos concursados da autarquia. 

Mas por trás do discurso de proteção à integridade do IBGE, há denúncias de uma interferência fisiológica muito destrutiva para a instituição, cuja credibilidade está completamente destruída. E isso afeta o que é a verdade sobre o Brasil.

Más intenções: desde a nomeação de Pochmann, ninguém mais confia nos números do IBGE, e ele vem com a intenção de reclassificar o que é inflação, desemprego, crescimento demográfico, crescimento de PIB, etc. São redefinições para atender ao governo, que não quer fazer reforma administrativa nenhuma, ou qualquer contenção de gastos, mas sim gastar mais e mais. Já existe uma crise fiscal e o governo quer continuar a gastar e arrecadar.

Segundo o governo, é fundamental ter uma agência aparelhada por seus nomeados e cuja função é definir como se obtém os dados e como se calculam os índices para sustentar a narrativa do governo e apresentá-lo sempre em uma boa luz. Desse modo, precisamos também reclassificar e requalificar o que faz o IBGE e quais suas competências. 

Afinal, para que serve o IBGE? O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é responsável pelas informações sobre população, renda, arrecadação, PIB, desemprego, inflação, pesquisa e divulgação de dados para que gestores públicos, empresários e investidores no mercado financeiro tomem decisões precisas na administração de recursos. Os dados do IBGE também são usados para definir nada mais nada menos que os juros. Está clara a importância?

Sua responsabilidade como fonte de matérias para a imprensa e trabalhos acadêmicos soma às competências.

É um termômetro da condução do governo. É o órgão que define o que é o quê, ou seja, define a verdade

A distorção da verdade é uma prática típica da esquerda fascista de Stalin, Mussolini e Hitler. Afetou toda a Europa até o final da Segunda Guerra e continuou a afetar Rússia, Romênia, Alemanha Oriental e em todos os países do leste europeu, na época da Cortina de Ferro. 

Todos os países sob o domínio de ditaduras socialistas manipularam dados e já sabemos o que acontece: crises acobertadas sucessivamente, até não conseguirem conter mais o empobrecimento absoluto da população, não suprindo o básico para sua sobrevivência, gerando fome e eventual falência do Estado.

Repetindo erros: a indicação de Pochmann já alude que o mesmo vai acontecer no Brasil de hoje. É um sinal, por si só, de que o governo pretende manipular dados. Importante destacar que os funcionários do IBGE já sabem que Pochmann terá que acobertar os efeitos da violação do arcabouço fiscal. Como assim?

O arcabouço fiscal foi criado pelo próprio governo para garantir que o governo pudesse gastar mais, até certos limites. E o governo está violando os próprios limites que ele mesmo definiu. Não é por nada que muitos dizem que o arcabouço fiscal já não existe mais.

Mas o lado criminoso dessa realidade é que foi construída uma arquitetura jurídica para garantir que o governo possa gastar muito mais além do teto que foi estabelecido por ele mesmo, 2,5% do PIB. Estimativas indicam que o gasto do PIB já está próximo dos 4%. Ou seja, o governo Lula já está “pedalando”, assim como fez Dilma, dentro de uma arquitetura jurídica espúria, escondendo números. 

Para a sobrevivência do governo, mesmo que essa arquitetura sofisticada obstrua a transparência sobre o malabarismo contábil do ministério da economia, alguma instituição ainda tem de esconder os efeitos dessa prática, não é mesmo? É aí que entra o IBGE. Assim, a nomeação de Pochmann fica mais clara, e os dados publicados sob sua administração estão no mínimo tingidos de descrédito. 

Claro que pode piorar: com a reforma tributária que está sendo aprovada no atropelo pelos parlamentares corruptos do Centrão, os dados manipulados do IBGE gerarão efeito muito pior.

Como a arrecadação será feita e distribuída por um comitê central, que ainda será criado, informações podem falsamente indicar, por exemplo, população e arrecadação menor de um estado da federação em detrimento de outros em que o governo tem “esquemas”, com o intuito de redistribuir recursos de forma não proporcional à realidade e beneficiar-se politicamente. 

Veja o impacto absolutamente destrutivo da distorção que um IBGE aparelhado pode promover. 

Mais um grupo na lista de reformas: para resolver isso teremos que fazer também uma reforma profunda em todas as agências reguladoras: IBGE, Cade, Aneel, Anatel, CVM, Ibama, IPHAN e muitas outras que certamente têm diretores apadrinhados para fazer cumprir a agenda ideológica deste governo. Oportunamente listaremos aqui alguns escândalos que passaram invisíveis e incólumes para a mídia, mas são informações que correm à solta nos bastidores do Congresso e na imprensa séria e investigativa. 

Entretanto, o IBGE tem destaque por seu caráter referencial. Seus dados impactam diretamente todas as ações políticas, econômicas, financeiras e sociais e têm efeito devastador se forem manipulados. Por isso, minha mensagem neste artigo vai sobretudo para todos os gestores da administração pública, empresários e divulgadores de dados estatísticos oficiais: se eu fosse você, não confiaria nos dados fornecidos pelo IBGE como referência de agora em diante. 

Conteúdo editado por: Aline Menezes

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