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Em 2008, três anos antes do boom do UFC no Brasil, o carioca Cristiano Ornellas teve uma ideia que mudaria sua vida, mas não da forma que imaginava.

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Fã de lutas e praticante e jiu-jítsu, ele construiu com as próprias mãos, literalmente, um octógono que seria o grande chamariz de sua academia, no bairro Bangu, no Rio de Janeiro.

O empreendimento ficava no segundo andar da loja do pai, que vendia equipamentos industriais reformados. Nos fundos, com uma serralheria e soldas à disposição, Cristiano desenvolveu seu primeiro ringue de oito lados.

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“O octógono levava só 40 parafusos, o resto era encaixe”, recorda o empresário, hoje dono da Cage Tech, a maior fabricante de octógonos e similares do Brasil.

Entre seus clientes estão os principais campeonatos nacionais de MMA, como Jungle Fight, Shooto, Smash Fight e Fight 2 Night, do ator Bruno Gagliasso, além de dezenas de academias, como a Killer Bees, que tem Anderson Silva como sócio, e a Team Nogueira, dos irmãos Minotouro e Minotauro.

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Depois de pronto, o octógono caseiro começou a fazer sucesso na academia. Um amigo sugeriu alugá-lo para torneios de lutas na cidade. Ideia aceita de prontidão.

O negócio deu tão certo que não demorou para aparecer um interessado em comprar o cage. Foi aí que Ornellas viu que precisava mudar de ramo completamente.

“Percebi que existia um mercado. Começamos a montar outros, aprimoramos a estrutura e viramos referência”, diz.

No início, o aluguel era a prioridade, com cerca de dez pedidos por mês. A primeira venda foi apenas em 2012. O medo era que copiassem sua tecnologia e a concorrência aparecesse.

Hoje, com a crise, são cerca de três ou quatro aluguéis mensais — o custo médio é de R$ 7 mil cada. E o foco não é apenas esportivo, acreditem.

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“Ontem mesmo fizemos um evento para um empresa, que usou o octógono como parte da estratégia de motivação. Montaram o ranking de que vendeu mais e colocaram para levantar o cinturão lá dentro”, fala o empresário que além de ringues de luta — não necessariamente apenas octógonos, expandiu o negócio e produz também equipamentos para Crossfit.

O próprio UFC, que importa seu próprio equipamento para todos os eventos, já contratou a empresa carioca.

“Montamos o octógono no stand do UFC na área externa de um ginásio. Disseram que é o que chega mais próximo da realidade deles, mas conheço vários árbitros que dizem que o nosso é melhor”, garante Ornellas.

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Dependendo do tamanho e modelo do ringue, a produção leva entre uma e duas semanas. O prazo de entrega fica entre 30 e 45 dias. O valor também varia muito de acordo com o tipo do produto.

O preço médio é de R$ 25 mil, mas vai de R$ 11 mil a R$ 70 mil.

“Já montamos nosso octógono em eventos no Brasil inteiro, é mais fácil dizer onde não fizemos”, diz Ornelles, que torce muito para os brasileiros voltarem a ganhar títulos no UFC.

Segundo ele, isso pode ajudar a espantar a crise que o obrigou a demitir funcionários e terceirizar boa parte do processo.

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“Hoje o mercado está estabilizado. Mas se os brasileiros vão bem, isso estimula muito. Por exemplo, alguém do interior de São Paulo ganha um cinturão lá. A cidade vai ser influenciada, o pessoal vai abrir academia, vai precisar de octógonos para eventos… então a influência é direta”, explica o rei dos octógonos.