“Não gosto do cara, vou resolver nas vias de fato e ainda vou ganhar um troco”.
Wanderlei Silva precisa de apenas uma frase para resumir por que voltará da aposentadoria para enfrentar o americano Chael Sonnen no próximo dia 24 de junho, no Madison Square Garden, em Nova York.
O curitibano terá 41 anos de idade na data do Bellator 180 — a maior e mais importante edição do principal concorrente do UFC. Quatro anos e três meses depois de pendurar as luvas de MMA, o Cachorro Louco voltará a seu habitat natural.
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No ringue, em três rounds válidos pelos meio-pesados (até 93 kg), Wand colocará seu legado em xeque diante de um desafeto declarado. Rivalidade que ganhou corpo com provocações, declarações polêmicas e até um entrevero de verdade nos bastidores do reality show The Ultimate Fighter Brasil 3, em 2014.
Eles chegaram a ter o duelo marcado para o UFC 175, mas o brasileiro foi punido por fugir de um exame antidoping, enquanto o gringo foi pego trapaceando na mesma coleta surpresa.
Por isso, o duelo não deixa de ser um risco calculado. Com uma recompensa milionária, diga-se de passagem.
“O Bellator quer ser maior que o UFC e tem de começar pelo dinheiro. Vou ganhar mais do que recebia lá. Conseguiram passar de sete dígitos, além da participação no pay-per-view. Tem tudo para ser uma ótima bolsa, vai valer todo o trabalho”, conta o paranaense que marcou época no evento japonês Pride, no início dos anos 2000.
“Acho que nesse dia [24 de junho] o Bellator vai ser, sim, maior que o UFC”, confia o lutador, que desde o ano passado trocou definitivamente a vida em Las Vegas pelo retorno às origens na capital paranaense.
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O retorno de Wanderlei, na verdade, deveria ter acontecido na virada do ano. Estava tudo certo para ele enfrentar o croata Mirko Crocop no Rizin, em Saitama, no Japão. Porém, um acidente de bicicleta mudou seus planos.
O veterano precisou ter o ombro operado e não se recuperou totalmente até a luta, que acabou cancelada. “Algumas pessoas me criticaram porque não fui lutar com o Crocop. Ia ganhar uma bolada, era um milhãozinho, mas não seria honesto com ninguém lutar sem condições. Avisei eles com quase um mês e meio de antecedência”, defende-se.
Para diminuir o risco de mais um cancelamento, o curitibano garante que está treinando ‘na pontinha dos dedos’ com a equipe Evolução Thai, liderada pelo técnico André Dida. Mas isso não quer dizer facilidade. Ao contrário.
Ainda mais porque o americano, oriundo do wrestling, tem as qualidades necessárias para teoricamente anular o estilo agressivo do brasileiro. Além de estar em atividade há mais tempo, já que enfrentou Tito Ortiz em janeiro deste ano — Sonnen foi derrotado por finalização.
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“Se aquela luta com o Anderson [Silva, pelo título dos médios, em 2010] fosse de três rounds, o Sonnen teria ganhado. Ele tem um jogo perigoso, é um grande atleta. Eu estou treinando todos os dias com o Dida e estamos bolando um game plan em cima disso, com várias armas novas. Vou ter o antídoto”, afirma.
“Estou encarando essa luta como uma reestreia. Só vou saber como vou me sentir a hora que entrar no cage. Nesse período participei de muitos eventos [como convidado], mas quando você vai para competir é outra coisa. Vou estar no ginásio mais famoso do mundo, lutando contra o meu maior rival. São todos ingredientes diferentes”, emenda Wanderlei.
Se o retorno for positivo, com vitória, os fãs podem aguardá-lo no ringue pelo menos mais uma vez. Mas a volta também pode marcar o adeus definitivo.
“Se por acaso não sair do jeito que quero, aí sim [posso parar de vez]. Depende da minha performance”.
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