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Jéssica Bate Estaca, a paranaense que recusou disputar o cinturão do UFC. Mas quer ser campeã mesmo assim

Foto: UFC/Divulgação (Foto: )
Foto: UFC/Divulgação

Foto: UFC/Divulgação

Por incrível que pareça, a paranaense Jéssica Andrade não teve dificuldade em recusar a luta mais importante de sua carreira — e que persegue desde que ingressou no UFC, em 2013.

No fim do ano passado, a lutadora natural de Francisco Beltrão teve a disputa de título do peso-palha (até 52 kg) na mão. Ela desafiaria a polonesa Joanna Jędrzejczyk, campeã absoluta do evento.

Disse não.

“Na verdade, não foi uma decisão muito difícil”, revela a atleta de 25 anos, que luta neste sábado (4) contra a americana Angela Hill no UFC Houston.

Se conquistar a terceira vitória seguida na categoria, “Bate Estaca” deve pavimentar seu caminho até a campeã de qualquer forma.

“A maioria acha que quando se tem a oportunidade, é preciso agarrar com as duas mãos. Eu pensei diferente. Quando entrei na categoria [antes ela lutava no 61 kg] e venci a primeira por nocaute e a segunda por finalização, muita gente falava que ainda não estava na hora de eu lutar pelo cinturão. Mas o maior problema foi financeiro. Para lutar com a Joana, teria de ter um camp de treinos muito bom”, explica.

O dilema era o seguinte: apesar de uma luta pelo título garantir a maior bolsa da carreira da paranaense, no momento ela não tinha o dinheiro para fazer a preparação que considera ideal. Para encarar a campeã, ela precisaria investir pelo menos R$ 50 mil, diz.

“Teria de contratar novos sparrings, alguém que tenha o jogo parecido com o da Joanna. E provavelmente teria fazer um camp de um mês na Tailândia para praticar o muay thai”, conta.

Quatro anos atrás, Bate Estaca estreou no UFC recebendo US$ 8 mil brutos em sua derrota para Liz Carmouche. Na última vez em que entrou no octógono, a brasileira embolsou US$ 23 mil, valor que dobrou com vitória sobre Joanne Calderwood, totalizando US$ 46 mil.

Longe de estar rica, ela garante que somente agora está começando a fazer sua independência financeira. Conseguiu comprar sua casa, por exemplo.

“Como nunca tive dinheiro, vim da roça, de família de classe média baixa, ajudei muita gente quando entrei no UFC. Pegava dinheiro emprestado e pagava quando lutasse. Não sobrava muita coisa. Agora que comecei a ter estabilidade”, ressalta a atleta, que trabalhava na roça até os 18 anos.

Mirando o título

Jéssica está ciente que sua recusa não a atrapalhou na perseguição ao cinturão. Se bater Hill, ela deve ser a próxima escolhida.

“Tenho que vencer a Angela para lutar pelo cinturão. Mas o foco já está um pouco na Joana”, admite.

“Quando eu tiver a oportunidade, será uma luta muito boa. Ela pode me dar mil socos que não vai me derrubar. Vai bater até desistir. Tenho queixo forte. E quando minha a minha mão entrar vou arrebentar”, avisa a baixinha de 1,57 m.

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