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Lutadora curitibana faz sucesso com cosplay de vilã do Batman

Ketny Silva virou a Arlequina do muay thai. Foto: PhotoFight. (Foto: )

Atleta amadora de muay thai e kickboxing, a curitibana Ketny Silva levou a sério a máxima ‘se destacar da concorrência’. Com dificuldade para conseguir patrocínios, ela teve uma ideia inusitada para tentar alavancar a carreira — e deu certo.

Fã da personagem Arlequina, que faz parte do universo do super-herói Batman, lutadora de 18 anos adotou a vilã como seu alter-ego nos ringues.

Cabelo colorido, maquiagem e roupas chamativas, além do taco de beisebol usado por Harley Quinn no filme ‘Esquadrão Suicida’, agora fazem parte do ritual da atleta antes das lutas. Com um traje impossível de não chamar a atenção, ela se garante também na hora da porrada.

Em 24 lutas, são 20 vitórias e apenas quatro derrotas. “Sempre fui boa lutadora, lutava bem, agressiva, mas nunca ninguém sabia quem eu era nos campeonatos. Depois que imitei a Arlequina, todo mundo passou a me conhecer [no círculo do muay thai curitibano]”, explica a garota, que já consegue colher alguns frutos da personagem.

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“Antes eu não tinha R$ 1 para fazer uma viagem, pagar hotel. Vou competir nesse fim de semana e consegui bancar tudo com dinheiro de patrocínios. A Arlequina ajuda demais, os patrocinadores querem visibilidade”, comemora Ketny.

Neste fim de semana, a paranaense disputará uma seletiva do WGP, o principal campeonato de kickboxing da América Latina, em São Paulo. Serão até seis lutas em dois dias — e a possibilidade de ser contratada para competir na categoria até 56 kg no ano que vem.

“Preciso ficar entre as três primeiras colocadas. É o maior desafio da minha vida. Só me machuco lutando amador, não ganho R$ 1 e às vezes você vence a luta, mas os juízes não te dão a vitória. Quero agarrar essa oportunidade com todas as forças. Por tudo que passei, tenho que conseguir esse contrato”, diz a Arlequina paranaense.

Ketny Silva caracterizada como Arlequina

Foto: PhotoFight.

Agressões

“Tudo” que Ketny passou realmente não foi pouco. Antes de descobrir a carreira dos sonhos, o muay thai foi praticamente a salvação da garota. O escape de um pesadelo vivido dentro de casa.

“Sofri agressão física do meu padrasto. Ele batia na minha mãe, eu sempre entrava no meio e apanhava. Só que ele sempre dava um jeito de se safar. Era preso, pagava fiança e saia da cadeia. Minha mãe, cabeça fraca, acabava voltando com ele. Vivi isso dos nove aos 15 anos”, relata.

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No fim de 2014, por influência de um amigo, ela procurou uma academia para aprender artes marciais. Defender-se havia virado prioridade na vida da menina, que precisava esconder os machucados quando ia para a escola.

Cerca de cinco meses depois de entrar para o muay thai, o treinamento surtiu efeito prático dentro de casa. “Meu padrasto veio me agredir e consegui me defender. Ele percebeu que não conseguiria mais me bater e desistiu. Pouco tempo depois eles se separaram”, lembra Ketny.

Ketny Silva caracterizada como Arlequina

Foto: PhotoFight.

Amadurecimento e casamento

Ketny conta que se tornou uma pessoa estressada por causa da rotina de violência dentro de casa. Nos treinos, no entanto, ela conseguia canalizar a raiva e se tornou disciplinada.

Temperamento parecido com o de seu alter ego. “Ela é má, mas ao mesmo tempo é carismática. Defende as pessoas que estão ao seu lado. Na verdade, a Arlequina tem seu lado bom e ruim, como todo mundo. É o que sou”, afirma a lutadora.

A luta, no entanto, ainda não paga suas contas. Por isso, ela nunca parou de estudar. Depois de terminar o ensino médio, Ketny passou no vestibular para direto em uma faculdade particular. No entanto, sem dinheiro, desistiu de fazer o curso.

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Atualmente, a atleta estuda para se tornar uma perita forense — o plano B caso a luta não vingue — e também tem seu negócio próprio de tratamentos estéticos.

O muay thai, contudo, já deu até em casamento. Seu primeiro professor, Saulo Eduardo da Silva, virou marido.

“No início, fazia três treinos diários e começamos a conviver bastante. Uns seis meses depois, nos envolvemos. O casamento foi em fevereiro desse ano”, fala a lutadora, que não descarta migrar para o MMA no futuro.

“Já treino wrestling, jiu-jítsu, mas quero ser bem-sucedida no kickboxing, me destacar, antes de ir para o MMA”, projeta.

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