Uma presa fácil, mas que conseguiu morder forte antes de ser abatida. Foi assim que o ‘leão velho’ Vitor Belfort, 35 anos, foi derrotado pelo campeão da categoria meio-pesada (até 93 kg) do UFC, o americano Jon Jones, dez anos mais jovem, na madrugada deste domingo (23), em Toronto, no Canadá.
O azarão brasileiro, que teve o mesmo cinturão nas mãos oito anos atrás, surpreendeu ao chegar perto de finalizar o rival com uma chave de braço no primeiro round. Porém, o UFC 152 retomou seu script original com uma incontestável vitória do novo fenômeno do MMA. Triunfo da nova geração sobre a antiga.
Jones usou uma chave americana – golpe oriundo do jiu-jítsu, uma das especialidades de Belfort – para acabar com a luta no quarto round. Antes, o ‘leão novo’ dominou o adversário utilizando seu vasto e crescente arsenal, entre eles as contestadas cotoveladas.
O golpe não é ilegal, mas é o mais devastador permitido pelo UFC. Nem mesmo no extinto evento japonês Pride, que tolerava os chamados ‘tiros de meta’ (chutes na cabeça do adversário no chão), as cotoveladas de cima para baixo eram consideradas legais.
Os cortes na região do supercílio acabaram com a tática do brasileiro, assim como também aconteceu contra Maurício Shogun Rua e Lyoto Machida. Apesar do risco iminente dos cotovelos afiados, Belfort constantemente puxava o americano para sua guarda, acreditando em mais uma chance de finalização.
A primeira realmente assustou o campeão. “Ele pegou meu braço de um jeito que nunca senti antes, mas trabalhei duro demais para desistir. Achei que ia quebrar, mas eu não iria bater”, confessou Jones, que precisou imobilizar o braço após o duelo. A suspeita é de ligamento rompido.
Na coletiva de imprensa após o evento, Belfort afirmou que ‘instintivamente’ aliviou a pegada da técnica quando sentiu um estalo.
Além da grande envergadura, vantagem com a qual é possível controlar a distância da luta, a juventude e vigor físico de Jones foram cruciais para o resultado da luta principal do UFC 152. No MMA, são raros os casos em que a ação do tempo não é implacável. Dos oito campeões do UFC, apenas dois tem mais de 30 anos (Anderson Silva e o canadense Georges St. Pierre).
Definitivamente, o octógono não é o melhor lugar para um leão cansado. “Eu estava confiante que conseguiria [vencer], mas ele trabalha muito bem os cotovelos. Não estava com medo especificamente disso, mas antes da luta eu senti a costela. Não é desculpa, ele conseguiu aguentar a chave de braço e foi melhor, mereceu. Por isso é o campeão”, reconheceu Belfort, que teve a torcida canadense ao seu lado e ganhou mais do que aplausos pelo esforço demonstrado.
Além do milionário contrato para subir ao ringue, o carioca embolsou US$ 65 mil por protagonizar a luta da noite. No futuro, por causa pelos bons serviços prestados (como se oferecer para enfrentar Jones), ele já tem um lugar garantido entre os executivos do UFC.
Veja os melhores momentos da luta:
Rato campeão dos moscas
Demetrious Johnson e Joseph Benavidez fizeram uma equilibrada
batalha de cinco rounds para decidir o primeiro campeão da categoria mosca (até 57 kg).
Com um condicionamento físico invejável – já que não demonstrou cansaço em momento algum – Johnson, conhecido como ‘Mighty Mouse’ (Super Mouse na versão brasileira do desenho) superou o rival na decisão dividida dos juízes e ficou com o título.
Bisping quer Anderson
A disputa entre os médios (até 84 kg) Brian Stann e o inglês Michael Bisping também foi decidida pelos juízes laterais. Melhor para o britânico, que dominou o confronto todo, e é um concorrente forte para encarar o campeão da categoria Anderson Silva.
Brasileiros
Charles ‘Do Bronx’ Oliveira e Vinny Magalhães foram os únicos brasileiros no octógono em Toronto. Enquanto o primeiro, que era favorito, foi nocauteado por Cub Swanson no primeiro round, o segundo, considerado azarão nas casas de apostas, derrotou o croata Igor Pokrajac por finalização no segundo round.
Confira os resultados do UFC 152:
Card principal
Jon Jones finalizou Vitor Belfort no 4º round
Demetrious Johnson derrotou Joseph Benavidez na decisão dividida
Michael Bisping derrotou Brian Stann por decisão unânime
Matt Hamill derrotou Roger Hollett por decisão unânime
Cub Swanson nocauteou Charles do Bronx’s no 1º round
Card preliminar
Vinny Magalhães finalizou Igor Pokrajac no no 2º round
T.J. Grant derrotou Evan Dunham por decisão unânime
Sean Pierson derrotou Lance Benoist por decisão unânime
Marcus Brimage derrotou Jimy Hettes por decisão unânime
Seth Baczynski nocauteou Simeon Thoresen no 1º round
Mitch Gagnon finalizou Walel Watson no 1º round
Kyle Noke nocauteou Charlie Brenneman no 1º round.