Lutadora trans Anne Veriato enfrenta homem no Mr. Cage 34, em março, em Manaus. Foto: Winnetou Almeida.| Foto:

A amazonense Anne Veriato virou notícia no mundo no início do ano passado. Faixa-marrom de jiu-jítsu, a atleta, aos 21 anos, estreou no MMA profissional, no evento Mr. Cage 34, em Manaus.

CARREGANDO :)

O ‘detalhe’ é que Anne, que nasceu homem, encarou o também estreante Raílson Paixão como adversário. Sim, uma atleta trans contra um homem.

>> Ana Paula fala sobre transexuais no esporte feminino: por que essa é uma péssima ideia

Publicidade

“Seria covardia lutar contra mulheres. Isso é uma coisa que nunca passou pela minha cabeça”, contou a lutadora, que foi na contramão da americana Fallon Fox, primeira lutadora transgênero a competir no MMA feminino.

O assunto virou polêmica no Brasil, principalmente por causa do caso da jogadora de vôlei transexual Tiffany, que atua contra mulheres na Superliga.

Veriato, categoria peso-palha (até 52 kg), foi contra essa corrente. Em entrevista ao Luta Livre, ela comentou a decisão.

Me sinto mais forte que as mulheres. Sempre competi com homens desde a infância — e sempre fui ganhando, tanto no jiu-jítsu, como no submission. Se fosse para lutar com uma mulher seria mais fácil ainda. O treino que faço é pesado, é treino de homem“, explicou, dias antes do compate.

A feminilização de Anne começou aos 11 anos de idade. Aos 14, iniciou um tratamento hormonal, sempre com o apoio da família. Quatro anos depois, com a intensificação do tratamento, ela passou por uma transformação total e adotou uma nova identidade, mesmo sem ainda ter feito a cirurgia de redesignação sexual.

“Quando voltei à academia as pessoas não me reconheciam. Tive que falar que era tal pessoa”, recorda Anne, que não gosta de citar seu antigo nome. “Essa parte da minha vida já morreu”.

Publicidade

A luta

A amazonense Anne Veriato entrou para história do MMA em 11 de março de 2018. Com uma vitória por decisão unânime sobre o conterrâneo Raílson Paixão, ela se tornou a primeira mulher trans a enfrentar — e vencer — um homem no esporte. A polêmica luta aconteceu em uma casa de eventos de Manaus. “Essa vitória é pra calar a boca de muitos preconceituosos”, comemorou a atleta.

Sonho? UFC!

Fã de Cris Cyborg e de Ronda Rousey, Anne Veriato sonha alto no esporte. Após largar sua outra paixão, a dança, para virar atleta profissional de MMA, ela quer deixar sua marca.

“Penso grande. Quero lutar, sempre contra homens, e quem sabe um dia lutar fora do Brasil. Chegar no UFC e representar minha academia”, afirma, sabendo as inúmeras barreiras que precisa quebrar para concretizar o objetivo.

Publicidade

“Acho que mais para frente, depois de várias lutas ganhando, mostrando que sou uma boa lutadora, talvez me deem uma chance. Quero ser conhecida e respeitada pelo meu esforço”, conclui a lutadora.

A amazonense Anne Veriato entrou para história do MMA na madrugada deste domingo (11).

Com uma vitória por decisão unânime sobre o conterrâneo Raílson Paixão, ela se tornou a primeira mulher trans a enfrentar — e vencer — um homem no esporte. A polêmica luta aconteceu no evento Mr. Cage 34, em uma casa de eventos de Manaus.