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Stonewall é uma entidade com nome histórico e que acumula 30 anos na defesa dos direitos de gays e lésbicas. Com o slogan "Aceitação sem Exceção", acabou ficando famosa por kits muito práticos que ensinam como acolher as pessoas em ambientes como trabalho e igrejas. O nome "Stonewall" vem de um movimento que ficou conhecido como "A Rebelião de Stonewall", em 1969, nos Estados Unidos. Após uma invasão violenta da polícia no bar "Stonewall Inn", no Greenwich Village, em Nova Iorque, as pessoas foram às ruas lutar por direitos.

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A briga surgiu após as acusações de que a entidade está promovendo a agenda trans às custas dos direitos de gays e lésbicas.

Uma reportagem do jornal inglês Telegraph traz trechos do press release feito pela organização dos dissidentes, que será lançada formalmente em janeiro, a "LGB Alliance". Ela é formada por antigos empregados e apoiadores de Stonewall, além de médicos, psiquiatras, acadêmicos e advogados especialista em Direitos das Crianças. O estatuto deve deixar bem claro que prioriza o sexo biológico sobre as teorias de gênero, que são classificadas pelo grupo como "pseudo-científicas e perigosas".

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Vários ativistas reclamam que o movimento LGBT fez uma escolha por priorizar as pessoas trans e estão quase deixando de lado a proteção àqueles que se sentem atraídos por pessoas do mesmo sexo, que era a pauta original. Personagens históricos na luta pela aceitação social de gays e lésbicas, como o co-fundador do Gay Liberation Front dizem que homossexuais estão sendo vítimas da priorização da pauta trans. A entidade é a primeira que foi fundada após a "Rebelião de Stonewall".

Bev Jackson relata que as lésbicas mais jovens são o grupo que mais sofre com a priorização da pauta trans. "Elas têm sofrido enorme pressão social para transicionar para homens se elas não se sentem bem com os estereótipos tradicionais de gênero", relata.

O CEO interino de Stonewall, Paul Twocock, fez uma sucinta nota à imprensa garantindo que os rumores de divisão do grupo são alarmistas. "Essas matérias não tratam de nenhum membro atual do Stonewall. Não haverá igualdade para lésbicas, gays e bissexuais sem igualdade para pessoas trans. Nós estamos unidos na nossa missão de atingir aceitação sem exceção para todas as pessoas LGBT".

Aos jornais que tentaram contato com o movimento, não houve resposta sobre como essa "aceitação" funciona pressionando jovens homossexuais a fazer uma transição sexual que não desejam simplesmente porque não se encaixam nos nossos estereótipos feminino ou masculino. Os dissidentes relatam que fizeram um abaixo-assinado com mais de 10 mil assinaturas pedindo que a diretoria de Stonewall discutisse o tema seriamente. As tentativas de diálogo teriam durado mais de um ano até que o grupo resolveu fundar uma nova entidade.

A pedra fundamental foi uma carta assinada por 22 ativistas em defesa de gays e lésbicas enviada ao Sunday Times e publicada na seção "cartas ao editor", algo muito tradicional. O grupo diz que a priorização da pauta trans tornou Stonewall incapaz de defender as mulheres.

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"Eu sou lésbica porque eu amo e desejo mulheres - mas o desejo das pessoas gays parece ter evaporado da propaganda de Stonewall. As lésbicas estão, mais uma vez, sem representação política.", declarou a ativista Beatrix Campbell.

O grupo pede que o governo inglês pare de tratar as reivindicações e teorias de Stonewall como se fossem as mesmas da comunidade LGB. "O governo continua a tratar Stonewall como se ele representasse as visões do pensamento progressista em geral e, especificamente, a opinião das pessoas LGB. Não representa. Nós acreditamos que ele cometeu erros na sua atuação que prejudicam os direitos e proteções que mulheres adquiriam com base no fato de serem mulheres", diz o comunicado.

Para o grupo, pressionar mulheres para que se transformem em homens e dar a homens que transicionaram para uma identidade feminina os mesmos direitos das mulheres não é a melhor solução. É uma posição corajosa: a mídia britânica tem proliferado artigos que chamam a LGB Alliance de transfóbica. Antes mesmo que a entidade abra, reportagens dão conta de que gays e lésbicas são contra ela.