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Qual foi a última vez em que você realmente prestou atenção no que disse uma criança? Vou além: você realmente acha que a opinião de uma criança vale para o seu futuro?

Infelizmente as respostas, em geral, são negativas. Ainda mais se o assunto em questão for a violência infantil. Este é um grave problema brasileiro que rompe gerações e até mesmo classes sociais. No entanto, as vítimas desse horrível panorama sequer são ouvidas para ajudar a combater esse mal.

Estudo Childfund Brasil agência humanitária internacional de proteção e assistência a crianças, adolescentes, jovens e famílias em situação de pobreza no país, mostra que por aqui 67% dos meninos e meninas com idades entre 10 e 12 anos não se sentem suficientemente protegidos contra a violência.

O alarmante no índice nacional é que o percentual é superior ao verificado ao redor do mundo, que bate a casa dos 40%.

Outro dado relevante mostrado pela pesquisa é que, no Brasil, 90% dos meninos e meninas entrevistados rejeitam a violência física como um instrumento de educação. No levantamento global, esse percentual é de 69%.

O ChildFund Brasil ouviu a opinião de 722 meninos e meninas nos estados em que atua: Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Amazonas, Piauí, Bahia e Goiás.

Por aqui, segundo o estudo, 26% dos meninos e meninas entrevistados acreditam que as opiniões infantis não são consideradas em questões que lhes dizem respeito.

E o estudo aponta que, para prevenir e combater a violência, é essencial que os adultos ofereçam atenção, apoio e carinho às crianças, reconhecendo os seus direitos.

As principais causas da violência infantil, na avaliação das crianças brasileiras, são o fato de serem indefesas, a falta de conhecimento dos direitos que elas possuem e a perda de autocontrole dos adultos devido ao uso de substâncias.

"Isso traz a reflexão de como a sociedade tem priorizado os direitos da criança e do adolescente. O estudo também mostra que devem ser ouvidas para assuntos do seu universo", explica Águeda Barreto, assessora de Advocacy e Comunicação do ChildFund Brasil.

Em resumo:

  • De acordo com 83% dos entrevistados, os adultos deveriam amar mais as crianças: a oferta de atenção, apoio e carinho às criança, por parte dos adultos, é um fator-chave na prevenção e no combate à violência;
  • 52% não concordam com a ideia de que as crianças não podem fazer nada para pôr fim à violência: a atitude delas, seja de denúncia seja de organização, constitui um importante mecanismo para prevenir a violência;
  • Mais de 30% acreditam que as crianças não são suficientemente protegidas contra a violência no país em que vivem;
  • A maioria das crianças percebe as ruas da vizinhança, praças, parques e transporte público como lugares de maior risco de violência;
  • 82% dos respondentes concordam que é mais comum meninas sofrerem maus-tratos ou outras formas de violência do que os meninos.

"A questão é: como a sociedade tem lidado com a violência contra a criança? Temos que compartilhar essa responsabilidade que é de todos nós", pontua Águeda.

O levantamento é um recorte nacional da pesquisa Small Voices Big Dreams 2019, realizada pelo ChildFund Alliance com quase 5.500 crianças com idades entre 10 e 12 anos de 15 países diferentes.

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