Aos 73 anos, um até então respeitado professor da Universidade de Miami viu sua prisão virar polêmica no mundo todo. Especialista em corrupção e lavagem de dinheiro na América do Sul, é acusado pelo FBI de lavar dinheiro da corrupção de agentes públicos na Venezuela.
Bruce Bagley pode pegar até 20 anos de prisão caso sejam comprovadas as duas acusações de lavagem de dinheiro e mais uma de conspiração para cometer lavagem de dinheiro. Ele pagou uma fiança de US$ 300 mil para ter o direito de responder ao processo em liberdade.
O professor universitário preso por lavagem de dinheiro era figurinha carimbada na mídia e no Congresso dos Estados Unidos para falar sobre corrupção na América Latina.
O professor é coautor de uma das publicações mais importantes sobre o crime organizado na América Latina e a guerra norte-americana contra as drogas. "Drug Trafficking, Organized Crime and Violence in the Americas Today" foi escrito no ano de 2015, consolidando uma longa série de pesquisas sobre o tema.
Tendemos a colar um selo de justiceiro à imagem de quem se dedica a estudar esses temas em profundidade e se mostra crítico à ação da criminalidade organizada. Por isso, espanta tanto quando alguém desse meio é acusado de estar envolvido com criminosos.
Ainda que os Estados Unidos vivam intensamente a era do populismo político, as instituições funcionam e os membros das instituições têm a consciência de seus deveres. No caso do FBI, é importante observarmos o comportamento público para raciocinar de que forma podemos chegar lá.
É um caso bastante público, de pessoa que se posicionava politicamente sobre o tema e era ouvida tanto por autoridades quanto por jornalistas. Os investigadores do FBI não entram no debate político nem fazer juízo moral ou de valor, o que poderia alimentar bastante o ego de cada um deles mas pouco colaboraria para fortalecer a instituição.
Instituições são fortes quando seus membros entendem que são peças na engrenagem e cumprem seu papel com excelência. Quando a imprensa perguntou o chefe do escritório do FBI em Nova Iorque sobre as lições que o episódio deixava, ele deu um show de postura e ponderação.
"A única lição que aprendemos com o professor Bagley hoje é que envolver-se em esquemas de corrupção, propinas e lavagem de dinheiro vai levar a um indiciamento." - declarou William F Sweeney Jr.
O FBI acusa o professor de ter recebido, entre novembro de 2017 e abril deste ano, US$ 3 milhões que sabia serem frutos de propinas pagas a políticos da Venezuela em negociatas envolvendo obras públicas. O dinheiro chegava à conta dele em Nova Iorque por meio de contas na Suíça e nos Emirados Árabes.
Ele repassava o dinheiro para a conta de um comparsa dos corruptos venezuelanos, dando origem lícita aos recursos: a conta do professor. Bruce Bagley é acusado de ter ficado com 10% do dinheiro pelos serviços prestados. Foi exatamente o mesmo valor que a Justiça dos Estados Unidos pediu como fiança para responder o processo em liberdade.
O professor está em licença da Universidade de Miami para lidar com o processo. A defesa dele nega todas as acusações e diz que a verdade será esclarecida no processo. Aqui no Brasil, o trabalho de Bruce Bagley não era muito comentado na imprensa. O nome dele, no entanto, circulou bastante nas redes como um dos 300 intelectuais que assinaram um manifesto pedindo a soltura do ex-presidente Lula.
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