Dezenas de países têm feito esforços imensos para entender e conter a pandemia de COVID-19. Imagine se a teimosia de uma única pessoa fosse suficiente para comprometer todos os cuidados e investimentos de um país inteiro. É o que aconteceu na Coreia do Sul, no caso que ficou conhecido como Paciente 31.
O primeiro caso de COVID-19 na Coreia do Sul foi de uma mulher chinesa de 35 anos de idade que voou de Wuhan, na China, até o aeroporto internacional de Incheon, que serve Seoul. Assim que pousou ela já foi colocada direto no isolamento. Utilizando medidas duras, o país conseguiu conter a epidemia durante 4 semanas.
Durante esse período, os casos costumam chegar aos milhares, mas os sul coreanos mantiveram o número em 30. Mapearam todos os que chegaram e todas as pessoas com quem eles haviam tido contato, que passaram a ser monitoradas pelas autoridades de saúde. Alguns desses contatos vieram a manifestar sintomas depois, mas tudo parecia controlado.
A situação, tida como exemplar, mudou devido a uma única pessoa, uma senhora, a Paciente 31, que não queria fazer o exame.
Ela esteve em locais lotados nas cidades de Seoul e Daegu, onde houve registro de casos. Sofreu um acidente de carro de menor gravidade e passou o dia 6 de fevereiro no Hospital de Medicina Oriental Saeronan. Depois foi para casa, com a desculpa de pegar alguns pertences. Acabou dormindo por lá e, na manhã seguinte, foi à igreja da seita Igreja de Jesus Shincheonji, das 7h30 às 9h. Havia centenas de pessoas.
Fundada em 1984, a seita tem entre 250 mil e 350 mil membros. Eles acreditam que o fundador, Lee Man-hee é a reencarnação de Jesus. O grupo não tem uma teologia, crê que a Bíblia foi escrita em metáforas que só podem ser corretamente interpretadas pelo líder da seita.
No dia 10 de fevereiro, a mulher começou a ter febre e voltou ao Hospital de Medicina Oriental de Saeronan. Os médicos sugeriram que ela fizesse o teste do coronavírus, mas ela se recusou. Saiu do hospital. Depois disso, foi almoçar com um amigo no buffet do Queen Vell Hotel, das 10h30 da manhã às 12h. Também foi novamente ao culto da seita Igreja de Jesus Shincheonji, onde permaneceu por duas horas.
Como ela piorava, finalmente foi a um hospital público no dia 17 de fevereiro fazer o teste do coronavírus, que deu positivo. Foi transferida imediatamente para o isolamento no Centro Médico de Daegu, mas já havia entrado em contato com milhares de pessoas desde os primeiros sinais da doença. O KCDC, Centro Coreano para Controle e Prevenção de Doenças obteve uma lista de 9.300 pessoas que participaram dos cultos. Cerca de 1200 tinham sintomas parecidos com gripe.
Em poucos dias, o país que tinha apenas 30 casos registrados viu os números subirem para centenas e subiu para o nível máximo de alerta em saúde pública.
Há dois grandes bolsões de contaminação na Coreia do Sul. O primeiro é a igreja da seita e o outro é um velório num hospital de uma cidade próxima. As autoridades investigam a ligação entre os dois, já que diversos membros da igreja compareceram ao funeral. Esses dois únicos locais, a igreja e o velório, concentram 80% dos casos de coronavírus registrados na Coreia do Sul.
O país já declarou oficialmente que não tem mais a doença sob controle, embora esteja fazendo todos os esforços para retomá-lo. A posição oficial é que nos próximos 10 dias será possível saber se eles surtiram efeito.
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