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“Pandemias deprimem a economia, intervenções de saúde pública não”, concluem MIT e Federal Reserve
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O Centro Golub para Finanças e Política do MIT se juntou ao Banco Central dos Estados Unidos para tentar prever qual vai ser o impacto econômico da pandemia de COVID-19 e qual a relação dele com as chamadas "intervenções não-farmacêuticas", ou seja, medidas como distanciamento social, quarentena ou lockdown. O dilema colocado pelos estudiosos é o mesmo que muita gente está vivendo no dia-a-dia: claro que distanciamento diminui a circulação do vírus, mas também pode deixar muita gente sem trabalho.

Analisando os dados da pandemia da Gripe Espanhola em 1918, a conclusão é que a média de queda da produção é de 18%. As cidades norte-americanas que fizeram intervenções sanitárias mais cedo e com mais agressividade acabaram não apenas com menos mortos, mas também se recuperaram economicamente mais depressa.

O estudo foi conduzido pelo professor Emil Verner, da Sloan School of Management do MIT em conjunto com os doutores Sergio Correira e Stephan Luck do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos. Eles estudaram as políticas de resposta e o que ocorreu nos anos seguintes da pandemia de 1918 nos principais estados e cidades dos Estados Unidos.

A Gripe Espanhola atingiu cerca de 1/3 da população mundial e, apesar do nome, começou nos Estados Unidos. Ela começou em janeiro de 1918 e foi até dezembro de 1920, deixou 600 mil mortos nos EUA e 50 milhões no mundo.

A recessão profunda e uma deflação séria permaneceram nos Estados Unidos até julho de 1921, 7 meses após o final da pandemia. Nas cidades em que houve isolamento tardio e morreram muitas pessoas, a depressão econômica durou até 1923.

O gráfico mostra como pontinhos verdes as cidades que fizeram políticas de distanciamento social durante mais tempo e em vermelho as que se atrasaram ou terminaram antes. O eixo horizontal mostra quantas mortes a cada 100 mil habitantes foram registradas. O eixo vertica mostra a mudança no nível de empregos. As cidades que têm maior proporção de mortos tiveram o emprego mais afetado, sobretudo na manufatura.

Quando a Gripe Espanhola começou, em 1918, o comportamento dos gestores públicos se dividiu, já que era uma situação nova, desesperadora e ninguém sabia muito sobre o que estava aqcontecendo. A Filadélfia demorou a tomar medidas e teve uma taxa alta de mortes. Já Seattle, onde a doença chegou depois, tomou medidas duríssimas de distanciamento social assim que os primeiros casos foram confirmados.

As determinações de Seattle em 1918 foram muito semelhantes ao que vivemos agora: escolas e comércio fechados, proibição de reuniões públicas e se pediu para que as pessoas não saíssem de casa se estivessem doentes.

É possível imaginar que essas medidas de isolamento salvaram vidas ao custo de acelerar o colapso econômico, já que atingem tanto a oferta quanto a demanda. No campo da imaginação, é válido. Na vida real, aconteceu o oposto: não interferem na velocidade do impacto econômico e aceleram a retomada.

As cidades que fizeram intervenções mais cedo e com mais rigor para garantir o distanciamento social durante a Gripe Espanhola tiveram melhora em vários indicadores econômicos após o final da epidemia e há medidas para isso:

- Cidades que instituíram distanciamento social 10 dias antes do primeiro caso tiveram acréscimo de 5% do emprego na manufatura após o final da pandemia.

- Cidades que mantiveram o isolamento social por um adicional de 50 dias aumentaram o emprego na manufatura em 6,5% no período pós-pandemia.

Óbvio que não podemos simplesmente transpor dados de 1918 para os dias de hoje e pensar que o resultado será igual, o mundo mudou, a economia mudou, as pessoas mudaram e, sobretudo, a ciência teve uma evolução fantástica.

Em 1918, eles enfrentavam desafios econômicos mais profundos do que vivemos agora, já que o baque da Gripe Espanhola se somava ao pós I Guerra Mundial. Além disso, a pandemia era mortal principalmente entre os jovens, diferente do que vemos agora.

O estudo também avalia que a economia dos Estados Unidos em 1918 era basicamente manufatura industrial e hoje, além de globalizada, é baseada em serviços e a tecnologia permite que muitos trabalhos sejam feitos de casa, o que era impensável na pandemia do século passado.

De qualquer forma, a conclusão do Federal Reserve e do MIT é clara: "pandemias são altamente disruptivas para a atividade econômica" e respostas rápidas no distanciamento social "podem reduzir a mortalidade ao mesmo tempo em que trazem benefícios econômicos".

O estudo completo acaba de ser publicado e você pode ter acesso NESTE LINK.

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