“Vira essa boca para lá!” Esta bem poderia ser a reação de muitos leitores da minha coluna da semana passada, quando disse que a perseguição continuaria ou, talvez, até mesmo aumentaria. Confesso que o usei “ou talvez” com menos convicção do que a previsão que eu fazia então – e que, lamentavelmente, hoje se confirmou. A operação da Polícia Federal contra o líder da oposição na Câmara dos Deputados, deputado Carlos Jordy, deflagrada nesta manhã, demonstra que a escalada autoritária do consórcio Lula-STF continua aumentando.
Em outros tempos, quando os deputados investigados eram os que haviam supostamente praticado atos de corrupção, a presidência da Câmara dos Deputados e a do Senado dificultava ao máximo qualquer tipo de tentativa de mandados de busca e apreensão em suas dependências. Quando, por exemplo, foi determinada busca e apreensão contra José Serra em 2020, a advocacia do Senado, por meio de pedido liminar ao STF, solicitou a suspensão da medida. A liminar foi concedida pelo ministro Dias Toffoli.
A perseguição está aumentando e, se não contida e seus efeitos revertidos, atingirá um a um os demais deputados que desagradam o consórcio corrupto e tirânico no poder.
Já agora, quando sequer o deputado Jordy sabe dizer do que é acusado mesmo tendo sua residência violada pela polícia a mando de Alexandre de Moraes, seu local de trabalho é aberto pelo próprio advogado da Diretoria-geral da Câmara dos Deputados, às 6h30. Segundo é veiculado na imprensa – uma parte dela, aliás, tem mais acesso aos autos do que os advogados dos investigados nos inquéritos ilegais do STF –, a polícia legislativa da Câmara foi avisada com antecedência e acompanhou a busca e apreensão no gabinete de Carlos Jordy, evitando que a porta precisasse ser arrombada.
A pergunta que fica, é: o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, também sabia com antecedência dessa ação? Ou os órgãos da casa estão agindo, em um tema tão sensível, à revelia do presidente Lira? De um jeito ou de outro, a resposta demonstra que o Parlamento está em uma situação lamentável. E não é de hoje que o Congresso Nacional está subjugado à ditadura indisfarçável em que vivemos.
A ação da Polícia Federal, a mando do ministro Alexandre de Moraes, contra o deputado Carlos Jordy não foi apenas uma lamentável e abusiva perseguição a ele. Pelo papel que ocupa, como líder da oposição, é um ataque ao Parlamento e à democracia brasileira. Cabe, por isso, primordialmente aos presidentes das duas casas, da Câmara e do Senado, reagirem energicamente a essa ação despropositada de vincular Jordy aos ataques de 8 de Janeiro por meio de ilações feitas a partir de conversas em grupos de WhatsApp.
Recolher o celular do líder da oposição, com todas as informações que ali certamente existem sobre estratégias políticas, é uma tentativa clara e agressiva de intimidar todo o grupo de parlamentares que se opõem ao golpe em curso do STF e do PT. Mais: é também a comprovação de que a perseguição está aumentando e, se não contida e seus efeitos revertidos, atingirá um a um os demais deputados que desagradam o consórcio corrupto e tirânico no poder. Infelizmente, não é previsão, muito menos mau agouro. É apenas consequência lógica e inevitável das ações e efeitos de quem desrespeita a lei e rasga a Constituição para manter e aumentar seu próprio poder.
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