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Marcel van Hattem

Marcel van Hattem

Fernando Taxad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: Andre Borges/EFE)

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Até Nova York sabe: Fernando Haddad é a "Taxa Humana”, trocadilho com o super-herói Tocha Humana e representado em alta definição em telão na Times Square na última terça-feira. A inundação de memes nas redes sociais e, em especial, no X retratando Haddad – ou Taxad, como as redes já o apelidam agora – como o algoz do pagador de impostos brasileiro, transbordou para a vida real. Não foi só nas ruas da cidade americana símbolo do capitalismo mundial que a trend chamou atenção: em Brasília, próceres do petismo não conseguiram evitar o desconfortável assunto, ainda que tentando relevar sua importância. Sem sucesso.

A verdade é que, a exemplo do que escrevi há poucos dias neste espaço sobre o tamanho da irresponsabilidade fiscal e dos déficits causados pelo governo Lula, o Ministério da Fazenda não tem investido em nenhuma outra alternativa para contorná-los senão aumentando a arrecadação. A conta, cada vez mais salgada, precisa ser paga. O discurso de taxar quem mais ganha pode funcionar no curto prazo e para as bases mais alinhadas com o lulismo. A realidade, porém, se impõe: todos vão acabar pagando e a maioria dos brasileiros já está sentindo o bolso arder. Todos os dias.

Lula e Haddad estão experimentando, agora, a revolta do brasileiro que se sente abusado, compelido a pagar uma conta que não é sua

Em artigo de abril passado, ainda antes da aprovação de uma ainda indecifrada regulamentação da Reforma Tributária, Célio Yano fez um apanhado dos principais aumentos de impostos e novos tributos criados no governo Lula. No rol está a volta do recolhimento de PIS/COFINS sobre os combustíveis, o que voltou a colocar a gasolina acima do preço de R$ 6 por litro; a tributação sobre a exportação de petróleo; a tributação de apostas esportivas; a nova alíquota de importação para o e-commerce – a "taxação das blusinhas” e sobre a importação de painéis solares; o aumento do IPI sobre armas e munições; o fim da isenção de IRPJ e CSLL de benefícios fiscais; a tributação de fundos exclusivos e de rendimento no exterior; instituição da cobrança de IPVA de iates e jatinhos, além da progressividade do imposto sobre herança; e a volta do DPVAT, são exemplos – mas não todos! – das tungadas que este governo já deu no bolso do brasileiro em menos de dois anos de mandato. Como suportar tamanho assalto?

O caldo definitivamente entornou com a aprovação de uma reforma tributária que deve resultar no maior imposto sobre consumo do mundo, superando os 27% cobrados na Hungria, exageradamente mais alto do que o de qualquer país em desenvolvimento, como é o nosso caso, e quase o dobro da média mundial, de 15%. Não é à toa que o cidadão foi às redes expressar sua insatisfação com Fernando Taxad, digo, Haddad. E não há acusação de disseminação de fake news que fique de pé diante de uma população que sente o seu poder de compra diminuído cada vez que vai a um supermercado.

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Uma frase que se tornou célebre, do estrategista de campanha de Bill Clinton, James Carville, na sua primeira vitória presidencial, merece ser relembrada: “É a economia, estúpido!”. Nada revolta mais uma população do que o abuso arrecadatório. Os Estados Unidos se tornaram independentes após o imposto do chá, o Brasil tem em Tiradentes um herói nacional após a revolta causada pela cobrança do quinto e o meu Rio Grande do Sul foi à guerra contra o governo central em virtude do imposto sobre o charque.

Lula e Haddad estão experimentando, agora, a revolta do brasileiro que se sente abusado, compelido a pagar uma conta que não é sua. Para piorar, tanto o presidente como seu ministro não se esforçam para encontrar alternativas no corte de despesas de um estado inchado e que serve mais a si mesmo do que ao povo. Haddad até fala, mas não faz. É a receita perfeita para gerar mais impopularidade, mais revolta – e mais memes. O resultado, como demonstrou Carville com Clinton, é um só: alternância de poder no voto ou na marra, como experimentaram no passado recente Fernando Collor e Dilma Rousseff.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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