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Joe Biden.
Joe Biden.| Foto: EFE/EPA/CAROLINE BREHMAN

Joe Biden não tinha condição de ser candidato à reeleição. Os maiores líderes democratas já sabiam disso, agora está evidente. Mesmo assim, decidiram continuar com a farsa de uma primária no partido, conferindo-lhe a posição para enfrentar Donald Trump. Com apoio de milhões de americanos Estados Unidos afora, restava a Biden aceitar a indicação partidária na convenção democrata.

No entanto, antes disso, Biden passaria por um teste de fogo: o debate presidencial do final de junho, que tinha todo o indício de ser uma armadilha criada por fogo amigo. A performance do mandatário máximo dos Estados Unidos foi tão sofrível, tão vergonhosa e humilhante, que a dúvida deixou de ser se ele tinha condições de ser candidato, mas se, de fato, Biden exerce na prática a função que ocupa de direito.

A elite partidária preferiu empurrar com a barriga a decisão que era óbvia havia muito tempo – ou seja, dispensar Biden de ser candidato – e, ao mesmo tempo, forçar sobre as bases uma nova candidatura

Joe Biden não conseguiu articular várias frases, mostrou um aspecto físico fraco, cansado e confuso, e deu a Donald Trump a possibilidade de sair daquele debate não apenas como vitorioso mas como o único, entre os dois, capaz de liderar uma nação em meio a tantos desafios domésticos e internacionais. Ou seja, o Trump da polarização, da narrativa esquerdista do “disseminador de ódio”, da “extrema-direita”, saiu do evento televisionado, pela primeira vez na história, ainda antes das convenções partidárias, como um líder bem posicionado, firme contra as ideias do oponente sem ter, em nenhum momento, caçoado de sua debilidade.

Diante da reação generalizada de sua base após o debate desastroso, o Partido Democrata passou a exigir a renúncia de Joe Biden ao posto de candidato à reeleição para que Kamala Harris pudesse ser aclamada. O atentado frustrado à vida de Donald Trump na Pensilvânia, que gerou um fortalecimento da sua persona diante da solidariedade suprapartidária que recebeu, catalisou o processo de pressão sobre Joe Biden.

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No último domingo, o atual presidente americano, em uma atitude absolutamente incomum, dizia que, apesar de estar à disposição para enfrentar a campanha e um novo mandato, entendia que era o melhor para o país e para o seu partido se deixasse a corrida presidencial.

Dentre os grandes nomes do Partido Democrata, incluindo o próprio Biden e a família Clinton, apenas os Obamas não apoiaram imediatamente a substituição do presidente por sua vice, Kamala Harris. Talvez porque Michelle também seja cotada. Não importa. O que de fato importa é que, apesar de toda a campanha primária que escutou as bases democratas ao longo de meses, a elite partidária preferiu empurrar com a barriga a decisão que era óbvia havia muito tempo – ou seja, dispensar Biden de ser candidato – e, ao mesmo tempo, forçar sobre as bases uma nova candidatura que não passasse pelo processo democrático pelo qual Biden e Trump passaram. Para um partido que acusa seus adversários à direita de serem antidemocráticos, não pode haver maior prova de hipocrisia.

Trata-se, na verdade, da confirmação de que as narrativas da esquerda, seja nos EUA, no Brasil ou no restante do mundo, são apenas maneiras de desgastar os adversários com mentiras ou meias-verdades, enquanto se beneficiam das táticas que acusam os outros de usar. A instrumentalização da Justiça nos Estados Unidos contra os suspeitos da invasão do Capitólio, o uso abusivo do Estado por meio do FBI para perseguir opositores como Donald Trump, e agora a própria decisão interna de suprimir a democracia partidária secular para impor aos americanos o candidato da elite do Partido Democrata são exemplos claros de como o autoritarismo e a ideologia tem se sobreposto também na esquerda americana aos preceitos éticos, do jogo limpo e do fortalecimento das instituições e da democracia.

Apesar de todos os movimentos da esquerda americana, Donald Trump segue à frente na maioria das pesquisas e dificilmente perderá as eleições. No entanto, o jogo sujo que vimos ser jogado no Brasil contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2022 também está sendo jogado no berço da democracia contemporânea mundial. É revelador dos tempos sombrios em que vivemos, como a estratégia da esquerda de destruição moral e até mesmo física de seus adversários é global e, infelizmente, apesar de abertamente hipócrita, muito eficiente.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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