O Partido dos Trabalhadores (PT), partido de natureza e prática hegemônica, sempre buscou, desde a sua fundação, exercer o poder político da maneira mais isolada possível. Quando não isolado, na maioria das vezes com a subserviência de seus eventuais aliados. Não é novidade que o grande objetivo de Lula, José Dirceu, e companhia, sempre foi a instituição de um projeto de poder autoritário exercido com a ajuda de seus braços sindicais, agrários, eclesiais, urbanos, estudantis e culturais. A União Soviética nunca foi um modelo falido mas um farol a ser seguido.
Esta pretensão de dominação hegemônica do PT teve sua implementação paulatina tentada no nosso país nas primeiras décadas do século XXI. Fracassou e conhecemos o resultado: após 13 anos completos no poder, o petismo foi apeado do Planalto por meio do processo de impeachment de Dilma Rousseff, apoiado pela ampla maioria da população brasileira, e a prisão por corrupção de Lula pouco mais de um ano depois. O "nós contra eles” do discurso petista culminou com a derrota fragorosa de um projeto de poder cujo “nós” ficou isolado e, supunha-se, morto e enterrado.
A reorganização das forças petistas, insistentes - irritantemente insistentes -, deu-se de forma gradativa e eficiente. Tomando como lição os aprendizados do período anterior, o petismo viu-se na obrigação de reorganizar-se estrategicamente de forma diferente para retomar o poder. Tal reorganização dependia, como hoje fica claro, de um compartilhamento de poder com setores da sociedade que antes não partilhavam do projeto de poder petista.
Com a eleição de Jair Bolsonaro, e a facilidade com que o ex-presidente colecionava inimigos e desafetos, a aglutinação de forças em torno de Lula foi sendo consolidada ao ponto de seu retorno ao poder não ser mais apenas uma reconquista partidária. Hoje, o que governa o Brasil é um consórcio, cujos três principais sócios são o próprio petismo e seus puxadinhos; ministros do Supremo Tribunal Federal e seus bajuladores contumazes; e grande parte da mídia tradicional, a começar pela Rede Globo servindo como o Pravda do regime instalado.
Já o patinho feio desta relação, o Congresso Nacional, é sócio eventual e minoritário: sua cúpula e principais líderes querem os bônus da relação, mas têm dificuldade em conviver com os ônus uma vez que seus membros são julgados periodicamente por seus atos pela própria população brasileira. Por outro lado, o próprio petismo prefere manter o Poder Legislativo distante e deixá-lo de escanteio. Com frequência recorre ao sócio majoritário, o STF, para resolver problemas administrativos ou reverter decisões do Congresso; e ao de comunicação de massa para resolver seus problemas de imagem ou fustigar a de seus adversários.
Assim o Brasil anda, hoje, com o petismo muito mais incrustado no poder do que na sua primeira passagem pelo Planalto.
O Consórcio que governa o Brasil é forte, mas não inquebrantável
A chave para dissolvê-lo está na soberania popular exercida por meio de seus representantes no Congresso Nacional. A natureza hegemônica petista, a que me referi no início deste artigo, permite sócios eventuais e poderosos - inclusive, hoje depende deles para exercer seu poder. O petismo, porém, não admite sócios ideologicamente opostos ao seu ideário.
É por esse motivo que a censura e a perseguição à oposição política são regra, não só para os petistas, mas para todos os projetos de poder marxistas e de esquerda em que Lula e seus asseclas se inspiram. Uma nação majoritariamente conservadora e empreendedora, no entanto, tem se manifestado contra essa situação: a credibilidade popular dada ao governo, ao STF e à mídia é cada vez menor. Depende do Congresso - representante constitucional da população brasileira e fiscal dos demais poderes - a manifestação e a ação decisiva contra as ilegalidades e inconstitucionalidades constantes de um Consórcio que usurpou a democracia para si e caçoa do verdadeiro poder popular.
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