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explosão STF bombas DF
O autor das explosões foi identificado como Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos. Ele morreu em frente STF após detonar explosivos contra si próprio| Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

Pela segunda vez, um cidadão decide colocar fim à própria vida em protesto contra o Supremo Tribunal Federal. Na quarta-feira à noite, 13 de novembro, Francisco Wanderley Luiz, ou “Tiu França”, soltou fogos de artifícios na direção do Tribunal e, até o que se sabe pelas imagens captadas pelas câmaras de segurança, decidiu por fim à própria vida com uso de explosivos. Pouco mais de um ano e meio atrás, em 31 de janeiro de 2023, Alexandre Leite Andrade, 58 anos, também ateou fogo ao próprio corpo no canteiro central da Esplanada dos Ministérios aos gritos de “Fora Xandão”, segundo testemunhas.

São casos emblemáticos da situação por que passa o Brasil. Primeiro, apesar da clara instabilidade emocional e prováveis distúrbios psicológicos do suicida da última quarta, 13 de novembro, por serem dois suicídios cujas motivações alegadas seriam os abusos de ministros da Suprema Corte brasileira. E, em segundo lugar, por vermos justamente esses mesmos ministros e o governo Lula imediatamente se preocuparem em transferir a culpa para uma suposta “extrema direita” e se esforçarem para vincularem casos isolados ao 8 de Janeiro e à patética narrativa petista de tentativa de “golpe de Estado”.

Alexandre de Leite Andrade e Francisco Wanderley Luiz são dois casos isolados. Mas também são dois exemplos praticamente idênticos de reações extremadas, desesperadas, a um mesmo mal: os abusos de autoridade e injustiças que se assomam no Brasil

Simultaneamente, parte relevante da imprensa brasileira não apenas compra a tese petista como ajuda a forjá-la. O ato solitário de Tiu França, anunciado em suas redes sociais públicas, seria uma ação “terrorista”, “premeditada”, e o fato de ele ter concorrido a vereador pelo PL em um pequeno município do interior catarinense em 2020 – antes mesmo de Bolsonaro estar filiado ao partido – seria revelador de que sua intenção era quiçá até mesmo do conhecimento de lideranças partidárias.

A tese é risível, mas não se pode caçoar da capacidade esquerdista de criar narrativas contra seus adversários políticos, lato sensu. São ainda mais capazes disso quando se trata de dar suporte a um governo que detém controle sobre a Polícia Federal e é aliado de um Poder Judiciário que já não faz mais justiça mas é dominado pela política. E é exatamente a isso que estamos assistindo neste momento.

A utilização política desse episódio revela-se não apenas como uma distorção do que de fato aconteceu, mas como um ato de extrema crueldade contra cidadãos que se encontram presos sem devido processo. A tentativa de explorar tais tragédias para criminalizar opositores agrava o sofrimento das pessoas que aguardam anistia e que foram encarceradas por crimes que não cometeram, sofrendo com uma justiça parcial e com um Supremo que negligencia garantias fundamentais.

Em lugar de apurar com rigor científico as circunstâncias de mais um suicídio e identificar com honestidade intelectual suas motivações, o diretor-geral da Polícia Federal brasileira, Andrei Passos Rodrigues, já afirmou em coletiva de imprensa que Tiu França não seria um lobo solitário; trata-se de extremista de direita; seu suicídio guardaria relação com o 8 de Janeiro; e é um terrorista contra a democracia. Alexandre de Moraes não tardou a vincular o caso à necessidade de regulamentar as redes sociais, além de receber do presidente do STF Luís Roberto Barroso, a incumbência de investigar o caso, relacionando-o aos inquéritos inconstitucionais do 8 de janeiro.

A narrativa, falsa, está desenhada e cantada em verso e prosa. Às favas os abusos e injustiças cometidos por ministros do STF contra cidadãos brasileiros – esses, sim, causadores de cada vez mais revolta social. Às favas a oposição reprimida hoje existente no Brasil contra as inconstitucionalidades e ilegalidades cometidas por quem está no poder. O sistema quer mais é se proteger e usar qualquer motivo para evitar que os verdadeiros defensores da democracia e dos direitos humanos possam se libertar da tirania que nos está sendo imposta no Brasil.

Alexandre de Leite Andrade e Francisco Wanderley Luiz são dois casos isolados. Mas também são dois exemplos praticamente idênticos de reações extremadas, desesperadas, a um mesmo mal: os abusos de autoridade e injustiças que se assomam no Brasil e que são praticados justamente por quem deveria preservar a lei e a ordem no país. Esta deveria ser a verdadeira manchete na mídia.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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