Terminadas as convenções partidárias, o cenário eleitoral começa a ficar mais claro. A esquerda moveu-se na direção habitual, concentrando-se em seu representante. Do lado oposto existe a novidade conservadora. Entretanto, no terreno que divide ambos, situa-se o eleitor que pode decidir a eleição. Neste pleito, foi classificado como eleitorado de centro e desde o princípio começou a ser cobiçado por diversas candidaturas.
A racionalidade por trás deste voto mobiliza todos os partidos, uma vez que seu convencimento geralmente faz pender a eleição para algum dos lados. Nesta disputa em particular, este eleitorado mostra sinais claros que deseja renovação. Parte da classe política, porém, preferiu ignorar este fato se mobilizando em grandes grupos como forma de realizar sua manutenção no poder.
A fadiga do material político não é uma exclusividade do Brasil. Em diversos países a população tem buscado novos atores, rejeitando as estruturas tradicionais de poder. A Europa mandou sinais neste sentido nas eleições italianas e no crescimento de pequenos partidos na Alemanha e na Espanha. O tradicional bipartidarismo, presente em grande parte do continente no pós-guerra, vem aos poucos desaparecendo, com este espaço sendo ocupado por novas forças.
Nos Estados Unidos a reação foi interna. Os republicanos assistiram a ascensão de um empresário em meio a políticos experientes, enquanto os democratas se entusiasmaram com um socialista com tintas progressistas, causando desconforto na direção do partido.
No Brasil, o ímpeto de renovação foi combatido com revisões das leis eleitorais em um movimento de blindagem das estruturas partidárias. A política acredita ter criado mecanismos eficientes de proteção contra a entrada de novos atores. O fundo eleitoral baseado na representação parlamentar fornece aos candidatos com mais enraizamento na política tradicional uma enorme vantagem sobre os novos nomes que buscam espaço.
A grande questão que esta eleição poderá responder é até que ponto as estruturas tradicionais conseguirão segurar o eleitor. A experiência de outros países deixou claro que aqueles que optaram por este caminho, colheram derrotas, enquanto aqueles que apostaram por quebrar este ciclo, saíram vitoriosos. O eleitor possui maneiras peculiares de mandar seu recado.
Portanto, de nada adianta cobiçar o centro sem entender sua mensagem. Vivemos novos tempos, onde as redes sociais mobilizam eleitores, formam grupos e criam tendências. Acreditar que velhos mecanismos de alianças ainda funcionam é negar os acontecimentos e os movimentos que surgem de forma espontânea na sociedade. Esta eleição não é sobre quem é o representante da direita ou esquerda, mas independente de que lado esteja, mais importante é quem representa a renovação ou o velho. Este é o novo centro.