A chegada de Jair Bolsonaro ao poder deixou o mundo progressista em desespero. Isto porque este viés político vem dando as cartas no Brasil por muito tempo. Diante da ausência de um movimento conservador consistente ao longo dos anos e com pensadores esparsos, geralmente ignorados pela mídia tradicional, rejeitados pela academia e sem penetração política, o conservadorismo demorou a ganhar impulso, enquanto o progressismo espalhou-se com rapidez, penetrando no tecido social e tornando-se o pensamento médio da sociedade.
Não há dúvida que a vitória de um nome de corte conservador causa espanto, especialmente dentro de um país que passou os últimos 30 anos imerso no progressismo. A escolha dos políticos no Brasil transitava entre a esquerda intelectual tucana e sua vertente sindical petista, sem maiores abalos em outros setores, como a academia, em larga medida refém de um pensamento único.
Nada mais natural que diante de um movimento conservador, eminentemente de direita, a reação fosse além do razoável, classificando o conservadorismo como fascismo e a direita como uma força cerceadora das liberdades. Nada mais longe da realidade. Estas afirmações são apenas uma narrativa produzida pelo progressismo presente no país nas últimas décadas.
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Para entender este conservadorismo que aos poucos criou raízes no Brasil precisamos voltar a Edmund Burke e Russel Kirk, dois baluartes deste pensamento na história. No campo político é preciso buscar o discurso de Barry Goldwater, Winston Churchill e as políticas adotadas por Margaret Thatcher e Ronald Reagan. Nenhum desses nomes, que transitam pela direita política, possuem qualquer raiz ideológica no fascismo. Pelo contrário, o fascismo possui raízes na esquerda, na medida que trabalha com a supressão das liberdades tanto no campo econômico, como individual e a hegemonia do poder estatal.
Ao contrário destas escolas de pensamento, o conservadorismo se baseia na limitação do poder do Estado e na aceitação de mudanças em caráter gradual. É o império da lei sobre os homens na geração de meritocracia e a responsabilização do indivíduo como motor da sociedade. É a defesa dos valores da família como instrumentos norteadores da moral dos indivíduos, pois acredita que neste núcleo se aprendem os conceitos fundamentais que o cidadão carrega para toda a vida.
Conservadorismo nada tem a ver com intolerância ou radicalismo, portanto também não rima com autoritarismo. Só defende isso quem desconhece o assunto. Ao contrário, os conservadores encontram nos liberais parceiros compatíveis para a implementação de reformas que abram a economia e impulsionem o comércio, aumentando as trocas, gerando desta forma mais riqueza e renda. Esta fusão, por exemplo, foi fundamental na ascensão do conservadorismo inglês e espanhol.
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Autoritarismo e conservadorismo são conceitos antagônicos. Acusar um governo conservador de autoritário ou xenófobo passa ao largo do conhecimento das instituições e da ciência política. Governos autenticamente conservadores transitam pela direita política e possuem um compromisso com as liberdades, a lei e democracia. A inversão destes conceitos é uma simples construção narrativa.
Portanto, classificar esta guinada conservadora como um risco contra a democracia, as instituições e as liberdades é aceitar a narrativa do progressismo, alinhada com a esquerda, que domina setores da mídia e tem propagado esta tese exaustivamente no exterior, alegando que o Brasil flerta com o autoritarismo e com a extrema-direita. Na verdade, a chegada dos conservadores ao poder vem colocar um freio na ação da esquerda, que possui uma agenda permeada pelo intervencionismo.
A chegada dos conservadores certamente faz bem para democracia, uma vez que oxigena as instituições, desafia o politicamente correto e a hegemonia do pensamento único. Esta reação ao progressismo fortalece as liberdades na medida em que traz para o debate e o governo um pensamento até antão marginalizado em nossas terras. Nossa democracia, ao contrário do que muitos pensam, se fortalece com a alternância no poder.
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