A chegada de Jair Bolsonaro ao poder na data de hoje encerra mais um ciclo de 30 anos na política brasileira. Este período, chamado de Nova República, iniciou-se com a redemocratização e consolidou-se com o avanço de direitos sociais e da máquina pública. Este modelo, que começou a entrar em esgotamento em 2013, chega ao fim com as eleições de 2018.
Esta mudança de fundo é resultado de um movimento cíclico de renovação que ocorre na política brasileira a cada três décadas. Enxergamos este mesmo fenômeno durante a chegada ao poder de Fernando Collor, Jânio Quadros, Getúlio Vargas e Deodoro da Fonseca. Cada um deles representou uma ruptura com o modelo anterior e foi responsável por movimentos que delinearam o equilíbrio político pelos 30 anos seguintes.
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Bolsonaro, portanto, assume com um claro mandato reformista, ou seja, foi eleito para alterar as estruturas de poder e oxigenar o sistema, estrangulado pelos casos de corrupção que brotaram das entranhas dos governos anteriores. A agenda econômica não poderia ser outra a não ser o receituário liberal, material estranho aos mecanismos da Nova República que agora se finda. Diante do cenário atual, somente uma ação de diminuição do tamanho do governo, libertando a economia nacional das amarras dos políticos, tem chance de devolver ao país qualquer esperança de crescimento econômico de longo prazo.
O fim da Nova República abre espaço para novos horizontes. Uma nova estrutura de poder será desenhada. Este é um processo que se desenvolve aos poucos, começado pelas manifestações de 2013, atravessou um impeachment, o desgaste do petismo e ascensão do conservadorismo. A chegada de Bolsonaro ao poder representa o ápice deste processo de mudança, uma ruptura com o momento anterior. Um novo processo desta magnitude deve chegar novamente algumas décadas adiante.
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A estrutura de poder que nascerá ainda não está clara, mas os sinais que surgiram até o momento sugerem o sepultamento político de lideranças que foram estrelas desde a redemocratização. Este mesmo movimento faz surgir novos nomes, que chegam de diferentes frentes e começam a compor um novo amálgama de identidade parlamentar, que representa esta mudança na sociedade brasileira. Desta equação surgirão os novos líderes que devem ocupar lugar de destaque pelas próximas décadas.
O Brasil passa por um movimento liberal na economia e conservador nos costumes, seguindo uma tendência mundial de reconexão com seus valores de formação, chamados de ocidentais. O mote de campanha de Bolsonaro – “Brasil acima de tudo e Deus acima de todos” – fornece a sinalização deste entendimento. Sua presidência deve buscar uma reconexão com o Brasil real e os elementos formadores de nossa sociedade. Obtendo êxito em seus propósitos, estará consolidando um modelo que deve perdurar pelas próximas décadas. O Brasil passa por uma mudança profunda.
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