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Esta semana assistimos perplexos o retrato mais fiel do corporativismo brasileiro: 25 pessoas dentre cerca de 3 mil trabalhadores decidiram fazer uma greve que afetou milhões de paulistas.
É isso mesmo, menos de 1% dos funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) decidiram passar por cima de uma decisão judicial e declarar uma greve política, que não reivindicava aumento de salário ou melhores condições de trabalho, apenas a fim de causar caos e conter as privatizações que estão em curso no Estado de São Paulo.
A CPTM também foi palco de atos criminosos no mês de outubro. No dia 12, houve paralisação de trens sem qualquer anúncio prévio e um trem ficou parado, com passageiros trancados, por cerca de 40 minutos.
A população foi feita de refém por alguns sindicalistas, literalmente. As investigações da greve do dia 03 de outubro mostram que a paralização dos trens da Linha 9, concedida à Via Mobilidade, foi causada por sabotagem em diversos pontos da linha: objetos foram arremessados na rede aérea do sistema e na linha férrea, além disso, uma máquina de chaveamento de via foi totalmente vandalizada. Milhões de passageiros foram prejudicados.
A greve do Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo), da CPTM e da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que paralisou São Paulo em 03 de outubro, deu prejuízos estimados em cerca de R$ 55 milhões apenas ao comércio. Depois dela, a Justiça decidiu que a operação deveria ser de pelo menos 80% dos serviços nos horários de pico, já que greves com motivação política são ilegais.
Menos de 1% dos funcionários da CPTM decidiram passar por cima de uma decisão judicial e declarar uma greve política, que não reivindicava aumento de salário ou melhores condições de trabalho
Mas os sindicatos descumpriram a lei e declaram a greve da última semana. O que leva algumas dezenas de sindicalistas a descumprirem uma determinação judicial, praticar crimes e restringir o direito de ir e vir de milhões? Vale reforçar: foi uma minoria dos trabalhadores dessas empresas que aderiu à paralisação.
O intuito das greves é claro: impedir a agenda de privatizações anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas. Os sindicalistas passam por cima das decisões legitimadas pelas urnas e, ao invés de usar instrumentos democráticos como audiências públicas e questionamentos aos deputados que votarão sobre as desestatizações, fazem a população de refém.
O principal alvo declarado dos grevistas é a privatização da Sabesp. Segundo os estudos disponibilizados pelo governo do Estado, a privatização da empresa de saneamento garantirá investimentos na ordem de R$ 70 bilhões. Permitirá atender mais de 10 milhões de pessoas que não têm acesso a algum dos três serviços prestados pela companhia e atender um milhão de pessoas que vivem na idade da pedra, sem acesso a água tratada, a coleta ou tratamento de esgoto.
A modelagem também prevê redução da tarifa, despoluição dos rios, combate de perdas e aumento da disponibilidade hídrica. Como isso é possível? Estimativas apontam que a empresa tem um custo de cerca de 15% acima de empresas privatizadas e eficientes. Diferencial que tem tudo a ver com o corporativismo denunciado acima.
O marco do saneamento foi um grande avanço para o país e foi baseado em estudos que mostraram que as empresas privadas de saneamento no Brasil são mais eficientes, têm cobertura maior dos seus serviços e cobram tarifas mais baixas. Mas de que valem dados e evidências para os sindicatos capturados por partidos políticos de esquerda, que querem ver o caos? Esse é o retrato do atraso no Brasil: o corporativismo de pequenos grupos que se sentem acima da lei, acima do povo.