Foto: AFP / Miguel Schincariol / arquivo / Gazeta do Povo)| Foto:

“A Noruega não é aquela que mata baleia no Polo Norte?”. Estúpido, tal questionamento causaria particular embaraço na boca de qualquer um. Que dirá na do líder de um país. Desgraçadamente, no caso do Brasil o condicional é dispensável.

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O debate sobre qual seria a melhor maneira de cobrir o governo Jair Bolsonaro não é novo. Há quem julgue fundamental registrar e divulgar com a devida pompa quaisquer disparates. Acima de tudo as falas do mandatário. Afinal, trata-se do presidente. Não se pode apenas ignorar o que diz alguém eleito por dezenas de milhões para comandar a pátria. Ainda que o conteúdo seja pobre, por vezes mentiroso, em outras agressivo. Às vezes as três coisas.

Por outro lado, também existem aqueles cansados de jogar luz sobre despautérios. Ora essa, de que adianta dar manchete para uma batelada de tiradas sobre fezes e fiofós? Quem ganha com isso? Não há de ser o Brasil.

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Impõe-se assim o dilema: noticiar tudo o que diz o presidente, até por uma questão de registro histórico, não importando o nível da bizarrice, ou ignorar por completo esses momentos, talvez apenas concedendo uma nota pequena, e então gastar energia com assuntos que realmente interessam: um ministro da Economia boquirroto, a embaixada mais importante à mercê do nepotismo, uma família que assumiu o poder levando consigo o maior cabideiro de mamatas e rachadinhas na história da Nova República, um Itamaraty esfacelado, a Educação nas mãos de despreparados, o Meio Ambiente fadado ao desastre e a empáfia ao desmerecer países aliados.

A resposta parece ser simples. Não é.

Seria, talvez, se Jair Bolsonaro e sua corte fossem apenas bufões incapazes de seduzir as massas. Acontece que os posicionamentos do presidente e aliados importam. Assim como Lula e grande elenco antes dele, Bolsonaro tem as condições e a capacidade de dividir a sociedade.

Estou com aqueles que veem um problema na importância que a imprensa dá para a rudeza do presidente, expressa todos os dias e de formas nunca antes imaginadas.

Contudo, me aproximo ainda mais de quem não consegue encontrar uma alternativa ao dever de noticiar e debater os posicionamentos de alguém que, para o bem ou para o mal, foi escolhido para nos conduzir. Cujas falas podem afetar e desde já afetam o futuro do país.

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E se for estratégia — não que eu acredite nessa hipótese — tudo bem. Se o sujeito, agora sem o PT para funcionar como espantalho, mas apenas o governo para avaliar, ainda assim chegar à conclusão de que o capitão se comporta como uma liderança merecedora de respeito, não há nada a se fazer.