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Fotos: Wilson Dias (Agência Brasil)/Tony Oliveira/Ricardo Stuckert
Fotos: Wilson Dias (Agência Brasil)/Tony Oliveira/Ricardo Stuckert| Foto:

Enquanto José Dirceu conclamava “eles têm de apanhar nas ruas e nas urnas”, Lula falava em “porrada nos coxinhas” e eram propalados tantos outros discursos pensados para incentivar a cizânia, gestávamos um monstro. Isso se deu com a bênção silenciosa de determinada casta da nossa sociedade em relação aos exageros protagonizados pelo petismo durante o seu período hegemônico.

Vem daí o surgimento de movimentos como o MBL e de sites inspirados no mesmo modus operandi das páginas endossadas e financiadas pela esquerda. Mais preocupados em recrutar do que em informar. Em reforçar divisões do que em promover debates.

Vem daí, diga-se, a própria fabricação de Jair Bolsonaro como arquétipo do político anti-establishment e anti-esquerda,

O injustificável não se justifica. Essa reflexão merece ser feita, porém, de modo a aprendermos com nossos erros, sob pena de repeti-los.

Contudo, uma faca espetou Bolsonaro. Felizmente, não deu cabo de sua vida, mas, não resta dúvida, cortou o baralho dessas eleições.

O primeiro efeito desse episódio recai sobre o próprio candidato do PSL. E de maneira favorável: se antes as campanhas voltadas a desconstruí-lo buscavam velar o mensageiro, de modo a não gerar um efeito reverso por parte do eleitor, pelo menos momentaneamente deixarão de existir. As consequências seriam nefastas para qualquer campanha que se dispusesse a malhar alguém que está na cama de um hospital após ter escapado a uma tentativa de assassinato.

Tal impossibilidade sugere uma constatação óbvia: se não poderá ser desconstruído, a aceleração da perda de votos que sofreria com as campanhas negativas tende a diminuir. E isso na melhor das hipóteses. Considerando que estamos a um mês do pleito e que, líder nas pesquisas, Bolsonaro continuará no hospital ainda por alguns dias, a sensatez indica que o segundo turno já tem uma vaga assegurada.

Ligado diretamente a esse fato, o segundo eco de Juiz de Fora impõe mudanças importantes no cenário.

A Geraldo Alckmin, por exemplo, restou antecipar aquele que, todas as evidências indicavam e fazia parte dos seus planos, seria o embate do segundo turno. A diferença é que, dessa forma, um confronto contra Fernando Haddad não pinta tão alvissareiro: em uma disputa direta pela Presidência, o candidato tucano certamente herdaria os votos dos eleitores determinados a evitar um retorno da esquerda ao poder, inclusive dos apoiadores de Bolsonaro. Agora, apenas poderá contar com o voto útil dos apoiadores de Henrique Meirelles, João Amoêdo e parte dos marineiros. Além, obviamente, de ter de brigar com os demais candidatos pelos indecisos.

De todo modo, também é verdade que nem tudo mudou. Marina Silva e Ciro Gomes que o digam. Continuam com baixo poder de fogo na televisão e nas alianças. Bolsonaro, por sua vez, passado o clamor por conta do ocorrido e tão logo se veja recuperado para enfrentar o segundo turno, não deverá deixar de apresentar um nível de rejeição importante, fator decisivo para definir o pleito.

Tudo isso, é claro, se nada mais acontecer em uma país em que tudo acontece.

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