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Mario Vitor Rodrigues

Mario Vitor Rodrigues

Biden lidera entre os democratas; Trump deveria lamentar

Crédito: Vano Shlamov/AFP (Foto: )

Ainda é cedo. Afinal, estamos falando de uma eleição marcada para acontecer em novembro de 2020. Pode-se afirmar, contudo, que o roteiro encaminhado até o momento do lado democrata não favorece o presidente Donald Trump.

O que não quer dizer que ele não possa ser reeleito — vale lembrar, há quase 100 anos todos os presidentes americanos vêm repetindo o mandato, com exceção do democrata Jimmy Carter, que em 1981 foi derrotado pelo republicano Ronald Reagan —, apenas torna sua vida mais difícil, dado o perfil do candidato líder disparado nas pesquisas.

Do ponto de vista eleitoral, Joe Biden conta com uma vantagem considerável em relação aos concorrentes na disputa contra Trump: ter sido o vice de Barack Obama. Tal vantagem é diretamente responsável pela dianteira de 14 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, o senador Bernie Sanders, apurada em recente pesquisa da CNN.

Não é pouca coisa. Obama ainda é bastante popular entre os democratas e mesmo em meio aos republicanos moderados não conta com um nível de rejeição absoluto. Contudo, esse não é o único e nem o principal aspecto que deve preocupar o presidente americano. O problema maior é que com Biden o jogo retórico responsável por levá-lo à Casa Branca perde força.

O ideal para Donald Trump e todos os políticos com perfil populista é sempre ter a possibilidade de construir inimigos — como ficou claro pelos resultados das nossas últimas cinco eleições presidenciais. É assim, por meio da dicotomia, que eles têm mais chances de prosperar.

Contudo, o pré-candidato democrata, líder com folga em todas as pesquisas até o momento, não se encaixa tão facilmente no estereótipo talhado para essa estratégia. Bernie Sanders, por exemplo, seria um alvo mais adequado para receber a pecha de socialista. Assim como o prefeito da pequena South Bend, no estado de Indiana, Pete Buttigieg, que recentemente assumiu ser homossexual. Biden, por outro lado, não oferece flancos tão claros a serem explorados.

Pelo contrário, branco e já na casa dos setenta anos (completa 77 em novembro, enquanto Trump faz 73 semana que vem), “Joe”, como Obama costumava chamá-lo em público em momentos descontraídos, conversa com um perfil de eleitor parecido com aquele mais próximo do presidente.

Não por acaso, é justamente na faixa acima dos 45 anos de idade que Biden massacra os demais concorrentes democratas, enquanto perde por apenas 7 pontos para Sanders, entre os mais jovens.

Voltando ao início, ainda é cedo. Tampouco é possível esquecer que a economia, fator historicamente decisivo nas eleições, vai bem, tendo recebido repetidos sinais de aprovação em consultas públicas — mesmo que o discurso agressivo do presidente mine essa percepção.

A fotografia de momento, entretanto, aponta para uma disputa menos confortável para quem há quase 4 anos encontrou em Hillary Clinton a rival perfeita.

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