“Se não o PT volta”. Lá se vai um bom tempo desde a primeira vez que o aviso foi dado em tom de ameaça. O pai da chantagem? Paulo Guedes. Não que o ministro precise de motivos para ser deselegante, mas em especial àquela época, com Jair Bolsonaro recém-eleito e o cartaz de Posto Ipiranga em voga, Guedes achou que poderia intimidar a classe política com a mesma cantilena usada para embasbacar o eleitor.
Então presidente do Senado, Eunício Oliveira aproveitou a oportunidade para oferecer ao Chicago boy o primeiro dentre tantos choques de realidade que viriam a seguir, mas isso é o de menos. O ponto é que ainda hoje o governo continua pendurado na estratégia de aterrorizar a sociedade, exigindo apoio incondicional caso ela não queira ver o petismo voltar à baila.
Há um par de nuances centrais nessa tática. A primeira delas está em não apenas presumir que o cidadão seja um completo parvo — quando se trata de estratégia eleitoral, isso já virou lugar comum —, mas no descaramento de deixar isso claro. Em não esconder que, sim, aposta-se abertamente na incapacidade do cidadão em compreender que existe vida para além dos polos petista e bolsonarista.
Ainda pior: de certa forma, é como se o governo dissesse com todas as letras “somos ruins mesmo, e daí? Acostume-se e celebre, afinal, poderia ser o PT”.
A outra faceta desse discurso expõe tanto soberba quanto uma premissa a cada dia que passa menos verdadeira: a de que o petismo no poder é incomparavelmente pior do que a atual administração.
A comparação não poderia ser mais inglória, entretanto ela também é inescapável. Se o sujeito não estiver investido em uma missão contra as evidências, não há muito o que ponderar: nem mesmo durante os piores momentos da gestão Dilma Rousseff as instituições sofreram tanto atropelo. Nunca ministros se comportaram de forma tão inapropriada. Jamais houve tamanho e tão explícito esforço para proteger e privilegiar parentes diretos do mandatário.
O interesse em reforçar a dicotomia com frases feitas que fazem lembrar as cantilenas usadas para botar medo em crianças é compreensível. A gritaria afasta o foco dos problemas que o governo enfrenta graças à sua incompetência, e das medidas no sentido de domar órgãos como o já extinto COAF e a Polícia Federal.
O nó está no tamanho da freguesia. Na quantidade de pessoas que ainda não se deu conta da realidade ou se nega a aceitá-la.
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