Não fiz qualquer pesquisa de campo, mas, afora a bolha comum aos fãs do recém-empossado presidente, suspeito ter sido apenas um dos tantos brasileiros ressabiados após o seu discurso no parlatório, quando foram lidos trechos como “[…] me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto”.
Tenho certeza que para os bolsonaristas há uma gama de espantalhos fundamentais a serem enfrentados como o comunismo, a questão de gênero, e a lavagem cerebral ideológica que ameaça as crianças nas salas de aula. Contudo, deixando as ironias de lado e sem entrar no mérito do quão estapafúrdias podem ser determinadas fobias, o Brasil enfrenta problemas mais graves. Desafios que, se não preocupam tanto quanto esses, deveriam.
Seria tolice da minha parte esperar ou mesmo sugerir que Jair Bolsonaro deixe de lado o discurso responsável por conduzi-lo à Presidência. Entretanto, ele deveria atentar para o fato de que já não existem mais o “cavalão”, apelido cunhado por seus colegas de exército, o deputado que saracoteou por oito legendas ao longo de trinta anos, nem tampouco o “mito”, cantado em verso e prosa por uma militância embevecida. Há somente o presidente eleito, representante de 200 milhões de brasileiros.
Nesse sentido, confesso, fiquei incomodado.
Particularmente, não morro de amores pelo PT e não seria agora, após tantos escândalos de corrupção e uma retórica responsável por fragmentar o país, que eu sairia em sua defesa. Ainda assim, é de um perda de tempo ímpar terminar o discurso de posse com bobagens do tipo “essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha. Só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde e amarela”.
Afinal, a metáfora centrava no quê? Em derramamento de sangue para defender o país? Mas de quem? Do socialismo? De uma ameaça comunista?
Esse tipo de retórica já era suficientemente biruta para ser veiculada durante a eleição. A diferença é que ali, como ocorre durante qualquer pleito, existia uma guerra de discursos típica dos períodos eleitorais.
Acontece que a eleição terminou.
Com toda a sinceridade, espero que o de hoje tenha sido o último ato do candidato Jair Bolsonaro durante os próximos quatro anos.
Seja por força de um amadurecimento institucional ou pelo peso dos desafios reais, que tenhamos um presidente de todos.
Lembro bem, lembramos todos, o nível de beligerância e o tom separatista dos discursos de Dilma Rousseff e de Lula antes dela.
Que o novo presidente siga por outro caminho.
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