“Estamos tendo problema nesse vírus aí”, declarou Jair Bolsonaro em 27 de fevereiro. Na véspera, o Brasil havia confirmado o primeiro caso de infecção pelo SARS-Cov-2.
Desde então, o presidente vem se esmerando na produção de comentários de uma insensibilidade comum aos sociopatas: “gripezinha”, “e daí?”, “não sou coveiro” e “país de maricas” foram alguns deles.
Em declaração mais recente, Bolsonaro afirmou que a pandemia está chegando ao seu “finalzinho”, embora o país tenha ultrapassado a marca dos 180 mil mortos e, em sete capitais, mais de 90% dos leitos de UTI Covid do Sistema Único de Saúde (SUS) estejam ocupados.
A fala tornou-se ainda mais surreal em comparação ao último posicionamento de Angela Merkel. A chanceler alemã se mostrou inconsolável com o número de 590 óbitos diários em seu país.
Futuros educacional e econômico comprometidos, verde que arde, imagem apequenada no exterior. Para além de tudo isso, há um crime em curso e o criminoso está à solta. Seu nome é Jair Messias Bolsonaro.
Não é possível colocar em outros termos.
Tergiversar sobre a responsabilidade do presidente da República nesta que é a nossa maior tragédia em cem anos seria uma ofensa àqueles que ainda lutam pela vida nos hospitais, à memória dos que já se foram, à ciência e à própria história.
É um alívio pensar que, graças ao impecável trabalho que o jornalismo profissional vem fazendo até aqui, todos os fatos estão sendo registrados de variadas maneiras e em diferentes plataformas.
Como boletins de ocorrência perpétuos, a propaganda de drogas ineficazes, os discursos negacionistas, as convocações para manifestações, o desestímulo ao uso de máscaras e a politização da vacina jamais serão esquecidos. Poderão ser revisitados por nós e consultados pelas futuras gerações.
A hipótese de que Bolsonaro permaneça por mais um mandato chega a ser ofensiva, entretanto perder a próxima eleição ou até sofrer impeachment é muito pouco.
O presidente e seus comandados deveriam responder pelos seus atos.
Se assim não acontecer, que pelo menos o mito seja lembrado como merece pela sua atuação no momento em que o país mais precisou de um estadista: arquiteto de um morticínio.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF