Felizmente, a campanha terminou. O futuro governo pode agora começar a se organizar visando aos próximos anos que serão duros tanto na economia quanto nas outras áreas, com destaque para saúde, educação e segurança pública. Desafios que impõem a escolha dos melhores para o primeiro escalão.
Terminou mesmo?
Se de um lado temos as escolhas de Paulo Guedes para a equipe econômica — até aqui elogiáveis do ponto de vista técnico e prudentes no campo estratégico —, o mesmo não se pode dizer das demais indicações.
A começar pelo nome de Ernesto Araújo. Não que o próximo chanceler vá ter condições de dar uma guinada na nossa política externa a ponto de transformar o Brasil em pária na comunidade internacional ou em uma espécie de bastião do antiglobalismo, entretanto se mostrou uma escolha claramente contaminada pelo sangue amargo eleitoral. É o que atestam suas declarações amalucadas sobre Trump, o globalismo e a China.
Essa mesma contaminação pode ser vista na oficialização, feita há pouco pelo próprio Jair Bolsonaro, de Ricardo Velez Rodriguez para assumir o Ministério da Educação.
Assim como Araújo, o mais importante dos futuros ministros — ou pelo menos assim deveria ser entendido — é obcecado por espantalhos ideológicos como o Programa Escola sem Partido e pelo debate da questão de gênero nas escolas. Além de chamar o golpe de 64 de “intervenção”.
A verdade, no fim das contas, é que o colombiano Rodriguez não recebeu o veto da bancada evangélica. Esse coube a Mozart Neves Ramos, diretor de inovação do Instituto Ayrton Senna, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e também ex-secretário de Educação do estado.
Ao contrário do candidato escolhido, Mozart não é bem-visto por Silas Malafaia, a quem, segundo declarações do próprio pastor, Bolsonaro teria pedido aval para indicar o futuro ministro. Diga-se, o procurador regional da República Guilherme Schelb foi um dos elencados. Ficou pelo caminho, apesar de também apresentar um histórico de faniquitos ideológicos alinhados com o governo nas redes sociais.
Sim, a campanha já terminou, mas agora impõe o seu preço.
Não que escolhas como essas para o Itamaraty e a Fazenda fujam da retórica eleitoreira do candidato, mas a visão do presidente deveria ser outra. Mais alinhada com os interesses e a necessidade do país. E não somente com a sua base.
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