Às vésperas de fazer a sua primeira viagem internacional como Chefe do Estado brasileiro — ainda por cima visitando um aliado histórico que pode trazer vantagens comerciais para o Brasil, como é o caso dos Estados Unidos —, Jair Bolsonaro lamentavelmente não me parece bem cercado.
A verdade é que o presidente ainda não desceu do palanque. Bem ao contrário, parece cada vez mais empenhado em alimentar a sua militância do que em governar o país. Não há como traçar outro raciocínio após tantas crises geradas a partir da própria administração, às vezes por intermédio dos filhos, outras por sua aparente falta de sabedoria ao se comunicar.
Pode ser que Bolsonaro ainda não tenha entendido, mas a verdade é que, ao contrário do que ele e a claque ideológica ao seu entorno imaginam, começam a cavar o próprio buraco.
Por exemplo, ainda sobre a visita à Casa Branca, não faz sentido que alguém tenha imaginado ser uma boa estratégia encontrar o outrora influente Steve Bannon antes do próprio presidente. Menos pelo fato de Bannon já ser carta completamente fora do baralho por lá e mais pela maneira como deixou as hostes trumpistas, sendo acusado dentre outras coisas de “traidor” pelo próprio Trump.
Não terá sido por falta de aviso. Desde o momento em que a agenda do jantar foi divulgada — incluindo ainda o filósofo Olavo de Carvalho —, inúmeros articulistas destacaram esse erro. Não adiantou nada, é claro. Assim como não é possível enxergar no horizonte a possibilidade de uma guinada de comportamento por parte do governo.
É verdade, os constantes rebuliços via redes sociais funcionam bem para manter seus seguidores ouriçados e antagonizar com a imprensa, mas o que essa tática tem a ver, por exemplo, com a aprovação da reforma da Previdência? De que maneira caluniar uma repórter ou permitir ataques a figuras importantes do seu próprio governo, como o vice, General Hamilton Mourão, ajudará a fazer a agenda do ministro Sérgio Moro andar? Como, por fim, ameaçar o Supremo Tribunal Federal pode seduzir a sociedade a remar junto por um país mais próspero?
É uma cilada. Já não resta dúvida. Falta saber se o presidente está sendo feito de marionete por grupos internos que competem para ver qual é mais influente na sua gestão.
Convenhamos, trata-se de uma hipótese cada vez mais difícil de se acreditar, já que essa dicotomia foi criada por ele próprio para vencer a eleição.
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