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É melhor Jair… passando o pano?

Os resultados da pesquisa Datafolha de hoje não foram dos mais animadores para Jair Bolsonaro. Embora continue liderando a corrida presidencial, tudo indica que o candidato do PSL “bateu no teto”, para usar uma expressão comum quando se percebe a estagnação de um candidato. A menos de cinquenta dias do pleito, claro que não é nada mau aparecer com 6% de diferença para o segundo colocado — Marina Silva, com 16%. Contudo, a campanha na televisão, na qual Geraldo Alckmin conta com 11 minutos diários, ainda não começou.

Após o fracasso nas negociações com o PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto, o time de Bolsonaro sabe que essa é uma dificuldade incontornável. Tanto assim que é notória a intenção de apostar nas redes sociais, em aplicativos de mensagem e vídeos no Youtube, inclusive aproveitando-se da óbvia empolgação de sua militância. Entretanto, não é apenas a forma de propagar a campanha que interessa aos correligionários do “mito”. Construir narrativas é fundamental para amainar sua imagem e suaretórica considerada por muitos como extremista.

Nesse sentido, ultimamente começaram a circular narrativas curiosas. Algumas um tanto descaradas, outras menos.

A que mais impressiona pela criatividade tenta jogar a culpa da alta rejeição ao candidato nos seus seguidores. Reza a lenda que o problema não está no que Bolsonaro diz ou mesmo no seu comportamento, mas no discurso e nas atitudes de sua barulhenta claque.

Só faltava essa. Quer dizer, o líder de um projeto, tido como referência e candidato ao cargo mais importante do Brasil, não ser responsável por sua própria postura e inegável conexão estabelecida com uma parcela importante da população.  Tal hipótese não seria possível mesmo se o candidato fosse habituado a fazer comentários prosaicos, que dirá com tanto vigor para estimular divisões e sentimentos nada democráticos. Don’t kill the messenger!, diriam os americanos.

Outra ginástica argumentativa interessante ousa equiparar os ferrenhos apoiadores de Bolsonaro à massa que o rejeita. O raciocínio parte da premissa de que as fortes reações em torno da sua candidatura são igualmente ruins e, portanto, passíveis de críticas.

Como se vê, não se trata de um argumento especialmente preocupado com a honestidade intelectual. Sim, existe um forte sentimento de oposição às premissas e aos discursos do candidato, mas ele consiste em uma reação. Buscar pasteurizar quem defende uma retórica provocativa e aqueles que a combatem tem apenas um intuito: blindar o candidato de um quiprocó criado por ele mesmo, como se não tivesse nada a ver com isso.

Por fim, talvez a engenharia mais interessante e até mesmo inteligente de todas é o Cabo Daciolo.

É inegável, qualquer um passa recibo de sanidade se ao lado estiver alguém falando em Ursal e Illuminati. Até mesmo um protecionista que se diz liberal.

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