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Dada a proximidade, as inúmeras vantagens de se viver em São Paulo ganham contornos especiais para um carioca. Não faltam bons serviços, a cena cultural é rica e há mais oportunidades de trabalho para quem se dispõe a viver longe da praia. Quando a saudade aperta, até porque beleza não é exatamente uma característica da Terra da Garoa, a ponte aérea ou mesmo poucas horas de estrada resolvem a questão.

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O problema, após o vertiginoso debacle do Rio nos últimos anos, foi a constatação de que a galhofa comum em mesas de bar ganhou contornos de conversa séria. Assim como nos anos 80, o paulistano passou a nutrir um tom condescendente em relação ao carioca. Quase de pena. “Mas é lindo, não é?”, dizem alguns, lá pelas tantas, em tom condescendente como se oferecessem esmola.

A atual eleição não mudou esse cenário. Inclusive pelo fato de que o eleitor fluminense parece disposto a eleger como governador um candidato decididamente obscuro. Contudo, encurtou a distância.

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O que percebo em São Paulo, e já vinha percebendo antes deste episódio envolvendo o vazamento de um vídeo em que supostamente o candidato João Doria participa de uma orgia, é um nível baixíssimo de interesse pelo franco debate.

Muito pelo contrário, a preferência generalizada, tanto das pessoas quanto dos candidatos, é pelo ataque mais vil possível. Pela difamação do adversário. Tudo vale pela vitória nas urnas.

Para mim, que não sou paulista ou paulistano, mas admirador deste lugar desde a juventude, é tudo muito estranho. Frustrante até.

As pessoas daqui, e quando digo isso me vem à mente o fato de que não há pedaço de terra tão generoso em todo o país, sempre me pareceram mais sérias. De certa forma, mais preparadas e interessadas em seguir adiante.

Hoje, muito por conta desse caldo de irracionalidade produzido pelo embate entre petismo e bolsonarismo, São Paulo rendeu-se ao populismo barato. À política mesquinha e oportunista. E, assim, sinto dizer, deixou de ser especial a meus olhos.

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Jamais imaginei que a empáfia paulistana, desde sempre associada à pujança econômica, pudesse murchar perante esse autêntico efeito de manada que assola o país. Afinal, o lema “não sou conduzido, conduzo”, de tão adequado, sempre soou como obviedade.

Contudo, a realidade apresenta o candidato líder nas pesquisas citando o nome de Jair Bolsonaro sempre que possível para angariar votos na esteira da sua popularidade.

Aconteceu no Brasil todo, eu sei, mas sempre achei que aqui fosse ser diferente.

Errei.