Desde que foi cunhada por James Carville, estrategista de Bill Clinton durante a vitoriosa campanha presidencial em 1992, a frase “é a economia, estúpido” tornou-se um dogma. Não só para economistas, mas também para analistas políticos — talvez principalmente para estes.
Agarrar-se a convicções absolutas nunca é recomendado, mas o fato de a estabilidade econômica ser preponderante em uma disputa eleitoral se comprovou com relativa insistência ao longo da história. A própria derrota de George H. W. Bush para Clinton em meio a um período de recessão serve como exemplo. Idem para o escândalo do mensalão no Brasil, conscientemente ignorado pela sociedade quando da reeleição de Lula.
Não deveria surpreender, portanto, que o debate sobre a próxima eleição esteja sendo pautado pela certeza de que Donald Trump é amplo favorito, justamente por conta da pujança demonstrada pela economia durante os últimos anos.
O problema com a aplicação desse argumento no atual cenário é a capacidade de o divisionismo, alimentado desde a campanha eleitoral pelo presidente, envenenar essa percepção. De fazer com que o eleitor descole o sucesso econômico da imagem de Trump.
Já está acontecendo.
Em recene pesquisa conduzida pela Universidade de Quinnipiac, 37% das pessoas afirmaram que a situação da economia não é satisfatória, contra 31% que enxergam melhoras. Contudo, esse indicador, já nada alvissareiro para o candidato à reeleição, preocupa menos do que outro também revelado pela consulta: 41% julgam que a política econômica de Donald Trump faz mal aos Estados Unidos (contra 37% no sentido oposto).
Tudo indica que a guerra comercial com a China teve peso decisivo nos dados colhidos. Também não pode ser descartado o crescente receio sobre uma desaceleração da economia mundial e o quanto isso pode influenciar no pessimismo das pessoas. Todavia, se esses argumentos e outros circunstanciais teriam força para machucar a imagem de qualquer governo, eles parecem ganhar ainda mais peso quando se trata de alguém com uma imagem e uma retórica tão dicotômicas quanto as do presidente americano.
É como se a sociedade desse um sinal: não, não é só a economia. Principalmente quando ela deixa de ser um prêmio por suportar quem não hesita em colecionar desafetos e a impor um discurso talhado para dividir.
Uma lição que talvez sirva de exemplo para o pleito brasileiro em 2022.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF