Ficamos combinados assim, o PT apenas perderá essa eleição, e por uma margem histórica de votos, graças a difamações espalhadas via WhatsApp. Essa estratégia estabelece o enésimo golpe da turba reacionária contra o verdadeiro guardião da democracia e dos desassistidos, maculando irremediavelmente a legitimidade do pleito.
O uso da ironia traz frescor para situações que, de tão óbvias as suas verdadeiras naturezas, não são levadas a sério. Contudo, muitos comprarão essa mais recente narrativa abraçada pelo Partido dos Trabalhadores, mesmo sendo ela apenas uma vertente do papel histórico interpretado pelo partido: o da vítima.
Foi assim quando enfrentaram Collor e os meios de comunicação privilegiaram descaradamente um megalômano playboy de Alagoas, em vez de apoiarem quem jurava comprometimento com a honestidade e prometia uma nova maneira de fazer política.
O filme se repetiu após levarem duas surras seguidas de Fernando Henrique Cardoso ainda no primeiro turno. Segundo palavras do próprio Lula, o PT penou por conta de um perverso programa de benesses que levavam o povo a votar com o estômago e não com a cabeça. “Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou”, chegaram a cantarolar os nossos artistas.
Tal postura continuou, inclusive, quando saíram vencedores. A partir de então, e durante anos, alardearam sem pudores a tese da “herança maldita”, talhada para prorrogar o seu projeto hegemônico.
E é claro, mais do que nunca, o petismo vestiu a fantasia do perseguido quando nomes importantes do partido começaram a ser enquadrados pela Justiça após tantas denúncias e provas de crimes cometidos contra a sociedade. Com destaque para o impeachment de Dilma Rousseff e o encarceramento de seu maior líder.
Pois agora o filme se repete. Não bastasse terem conseguido o impensável, que foi disputar o segundo turno e garantir a maior bancada na Câmara apenas dois anos depois de terem sido afastados do poder, já preparam a cama para daqui a quatro anos.
Não se trata de minimizar a podridão que encerra estratégias inequivocamente antidemocráticas como a de enganar o eleitor para induzir seu voto, muito menos o criminoso caixa 2, prática mais grave até do que a própria corrupção, segundo o juiz Sérgio Moro.
Urge, portanto, que a campanha de Jair Bolsonaro seja fiscalizada agora e até após a sua vitória. E não apenas por possíveis falcatruas, mas também pelas palavras que foram ditas e principalmente pelos discursos que não foram feitos. Por uma espécie de estelionato consentido que se avizinha, dadas as declarações desencontradas e o óbvio amadorismo de quem se apresenta como salvador da pátria.
Só não é mais possível aceitar que regras e restrições valham para uns e não para todos. Que o PT possa fazer tudo o que bem entende para atingir seus objetivos, como foi o caso durante tantos anos e especialmente na última eleição, e agora tenha a pachorra de questionar a falta de escrúpulos alheia quando esta vai de encontro aos seus planos.
As narrativas e os métodos adotados pelo bolsonarismo não me seduzem em nada e é lamentável que estejamos prestes a coroar o mesmíssimo modus operandi responsável por ditar as consultas populares neste país há praticamente três décadas.
Não há de ser o Partido dos Trabalhadores, contudo, o responsável por essa denúncia. Quando muito, a legenda é vítima do próprio veneno que inoculou na sociedade para alcançar os seus dias de glória. E só.
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