“ […] todo mundo indo para Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada… Peraí, vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste, cheio de praia bonita, vai pra Cachoeiro de Itapemirim” — disse o ministro da Economia para uma plateia, espera-se, aturdida.
O problema do doutor incensado pela torcida e protegido pelo mercado financeiro não se resume à falta de tato ou de elegância. Acima de tudo, é de baixa autoestima. Algo que, dada a incompetência para realizar o serviço — passado o deslumbramento com a sonhada fama —, só poderia levar a mais demonstrações de empáfia, propostas inexequíveis e patadas.
O asco provocado pela pensata é indizível, mas não deveria surpreender. Paulo Guedes foi Paulo Guedes. E não pela primeira vez. Reviveu o instante de rudeza gratuita em que desancou uma repórter argentina logo após a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro ter sido confirmada. Ao insultar a primeira-dama da França. Normalizando um pedido de volta do AI-5 ou, recentemente, rotulando os servidores públicos como parasitas.
Logo na formação do ministério, quando ficou óbvia a primeira grande miragem vendida durante as eleições, dando conta de que o critério técnico prevaleceria, ganhou ares de evidência o que até ali era sensação: ao lado de Sérgio Moro, Guedes seria o fiador do governo.
De fato, não estamos tratando aqui de um Abraham Weintraub. Longe disso. O despreparo do ministro da Educação sobressai até para os padrões de um projeto de poder afeito a excentricidades. Também não cabem comparações com Damares Alves, Ernesto Araújo e Ricardo Salles. Entretanto, para além do analfabetismo funcional, das birutices e de um notório desprezo por bandeiras caras às próprias pastas que ocupa, Guedes se distancia da chusma pelo ressentimento.
Vem dai identificação com Jair Bolsonaro. É como se, descontado o vão intelectual, o Chicago boy tivesse enxergado o próprio reflexo em alguém que passou boa parte do tempo sendo rejeitado por seus pares. Assim como ele, tendo de se contentar em assistir ao sucesso alheio das coxias.
A quantidade de grosserias e números fantásticos distribuídos pelo ministro está diretamente ligada à pressão que começa a sentir por seu desempenho medíocre. Tem a ver com o merecido reconhecimento dado a Rodrigo Maia pela reforma da Previdência. Com a probabilidade cada vez menor de que se entregue alguma reforma fundamental este ano. E, sim, com a disparada do dólar.
Apoia-se, acima de tudo isso, em uma constatação cada vez mais óbvia: se o presidente não se interessa por reformas liberais, tampouco ele, Guedes, é capaz de colocar o bloco na rua para torná-las realidade.
Um tanto melancólica, a fotografia atual aponta para a celebração de um crescimento de 2%. Pouco para quem não se cansou de propagandear um futuro pujante. A sorte de Paulo Guedes é que não faltará quem defenda a sua atuação como ministro. Não por uma questão de justiça, mas porque sempre tivemos dificuldade de admitir quando embarcamos em uma furada.
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