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Foto: NELSON ALMEIDAAFP
Foto: NELSON ALMEIDAAFP| Foto:

Escrevo este texto antes que o STF se pronuncie sobre o recurso da defesa do ex-presidente Lula contra o veto imposto pelo TSE à sua candidatura. Mesmo assim, o jogo do Partido dos Trabalhadores faz sentido: impossibilitado de explorar como gostaria um carisma capaz de influenciar os rumos da eleição, criou um falso suspense de modo a prolongar o seu efeito. E não apenas por conta disso, mas também pelo fato de seu real candidato, o ex-prefeito Fernando Haddad, ser alguém desprovido dessa qualidade.

Convenhamos, e tomando o próprio partido como referência, não é possível dizer que o PT esteja inovando.

Afora as seguidas cambalhotas retóricas e a insistência de sempre na propagação de narrativas falaciosas, não restou outra saída para a legenda que não a de repetir o plano posto em prática quando Lula terminava seu segundo mandato, uma vez que a Carta impedia outra reeleição: na esteira da sua popularidade, lançar um poste.

Verdade seja dita, Haddad não pode ser comparado a Dilma Rousseff, pois demonstra mais traquejo para o diálogo e é capaz de concatenar raciocínios. Além do mais, não pinta como alguém radical, embora esteja se empenhando a interpretar esse papel para se aproximar do eleitor de esquerda.

Contudo, insisto, Fernando Haddad, escorraçado da Prefeitura de São Paulo, perdendo até para os votos nulos e brancos quando tentava a reeleição, não passa de um novo poste. E, ainda em comparação a Dilma Rousseff, pode até suscitar outro tipo de receio: não ter a coragem de enfrentar ingerências no seu governo, como fez a presidente.

Eis, então, a grande e dramática dúvida que surgiria em um improvável, mas possível retorno do PT ao poder. Teríamos em Haddad um presidente fiel aos seus preceitos, mesmo que esses não funcionassem, ou um absoluto títere?

Aposto na primeira opção.

A ausência de Lula, incluindo aí o seu envelhecimento, deve reforçar um efeito crescente no partido e que já começa a ser percebido: menos pragmatismo e mais ideologia. Só mesmo Luiz Inácio poderia ter feito o primeiro mandato que fez, reforçando as políticas de austeridade e colocando Antonio Palocci para tocar o barco. Só mesmo o grande líder teria capital político e popular para, na visão dos mais radicais, trair o sonhado projeto da esquerda.

Se Haddad não demonstra força para repetir Dilma, tampouco repetirá Lula.

A tendência é que sucumba adotando um discurso que remonta às origens do petismo.

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