Se existe um assunto que durante a vida toda pouco dominei, para ser modesto na autocrítica, é a economia. Foi apenas por questões profissionais que de tempos para cá acabei me aproximando de alguns dos maiores especialistas no tema. Sorte a minha. Além de aprender um fiapo que seja no aspecto técnico, pude verificar o que significa genuinamente se preocupar com o Brasil. Ainda assim, peço licença a cada um, mas já está na hora de virar a página.
A reforma da Previdência é fundamental, uma vez que dela depende a própria sobrevivência do Estado. Necessária para interromper um ciclo perverso em que castas privilegiadas se perpetuam em detrimento dos mais pobres. Pede passagem, além disso, porque ilumina a força dos servidores públicos na esfera política e a importância de se combater esse tipo de lobby. Contudo, outras pautas precisam ter vez. Tanto pelo fato de que a proposta já passou, quanto porque despautérios comuns ao bolsonarismo assim o impõem.
O último diz respeito ao Itamaraty, essa instituição outrora sinônimo de excelência e boa fama para Vera Cruz. Refiro-me, é claro, à possibilidade de que Eduardo Bolsonaro assuma a embaixada nos Estados Unidos.
A simples hipótese é um descalabro. Pouco interessa se compõe mais um capítulo da doutrina “se-colar-colou”, adotada pelo presidente desde o início do mandato. Nem sequer cabe entrar no mérito da óbvia incapacidade do “03” para falar inglês corretamente, ou perder tempo com o argumento utilizado por ele próprio de que teria fritado hambúrgueres na América. Para além da chacota, Eduardo não reúne experiência diplomática alguma para ocupar qualquer embaixada. Tampouco para assumir o posto mais importante da diplomacia brasileira. Ponto.
Contudo, para meu dissabor, não foram poucos aqueles que ponderaram o segundo episódio de escancarado nepotismo no atual governo — não podemos nos esquecer de Antônio Hamilton Rossell e sua escalada de sucesso no Banco do Brasil. Houve inclusive quem visse astúcia na nomeação do mais jovem rebento de Jair Bolsonaro, e ainda tivemos que encarar um silêncio constrangedor sobre o caso por parte dos formadores de opinião engajados na defesa do governo.
As reformas econômicas e do Estado são determinantes, insisto. Se o país precisa atrair investidores e gerar empregos, tais objetivos só serão alcançados com sinalizações e medidas adequadas. Entretanto, é fundamental que também se dê atenção aos gargalos que só este governo é capaz de construir.
Afinal, a Educação já está no seu segundo ministro (ainda mais perigoso do que o anterior pelo destempero emocional e uma conduta inadequada para o cargo); o ministério do Turismo é comandado por alguém que é investigado por um suposto patrocínio de candidaturas laranja; Ricardo Salles relativiza o desmatamento e Damares Alves tem a sorte de contar com Ernesto Araújo como colega de ministério.
O debate sobre como chegamos ao ponto de sermos obrigados a fiscalizar desmandos de um governo tão populista quanto incompetente, que aposta na manipulação da massa para esconder um dos maiores estelionatos eleitorais em nossa democracia, é outro. Cabe agora olhar para o cenário de maneira mais ampla.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF