Quem acompanha este espaço sabe do meu pouco apreço pelo atual governo. Sentimento esse que ao sabor da lógica dicotômica não deveria ter razão de ser — já que passei anos criticando duramente a esquerda, em especial o Partido dos Trabalhadores e seu líder supremo.
Trata-se de um desprezo, não apenas pela absoluta incompetência demonstrada até aqui, como também pela orquestrada difusão de valores morais inaceitáveis em uma sociedade moderna e democrática. Asco por quem manipula as pessoas, incitando-as ao conflito de modo a perpetuar-se no poder. E, acima de tudo isso, medo. Me assusto de verdade com a frieza de quem não só é protegido por jagunços virtuais, mas que afinal de contas também recebeu o apoio de pessoas corretas, embora, quem sabe, um tanto ingênuas. Pelo menos em honra a essas — o ideal seria levar em conta todos os brasileiros —, a administração Bolsonaro deveria adotar uma retórica menos populista e agressiva. Mais honesta, magnânima e cordata.
Pois, ainda que desde já o presidente e sua equipe pleiteiem um lugar no panteão das piores gestões na história da nossa República, cabe ponderar o atual momento despido de afetações político-ideológicas. Sim, é inacreditável que tenhamos alguém como Jair Bolsonaro na presidência da República. Assim como é alucinante pensar que levamos quase duas décadas com o PT no comando do país. Contudo, a culpa por um estado de caos que dura desde 2013 não pode recair apenas sobre ambas as facções que hoje impõem o ódio e a intolerância no debate público.
Estão aí o Supremo e a Procuradoria-Geral da República que não me deixam mentir. Bem como os caminhoneiros e a esquerda intransigente até mesmo para aceitar debater uma pauta fundamental como a da reforma da Previdência. E, claro, todos nós. O coletivo. A sociedade.
Só pode haver algo de muito errado conosco se o discurso da negação total do sistema e da idolatria funciona à perfeição, desde a primeira disputa eleitoral pós-ditadura.
Em 1989 o nome dele era Fernando Collor de Mello. Foi eleito por um partido nanico. Se vendeu contra o sistema e os privilégios. Era o “caçador de marajás”, e no seu governo a Fazenda virou ministério da Economia. Tinha tudo para dar errado. E deu.
Após perder para Collor e Fernando Henrique Cardoso, em duas ocasiões no caso deste último, foi a vez de Lula, que instrumentalizou a divisão de classes e até a cor da pele para pavimentar a sua dinastia. Dilma Rousseff veio em seguida e não se fez de rogada. O PT e a esquerda jamais pestanejaram em incutir a celeuma na família brasileira.
Tão somente uma costela de tal estratégia, o bolsolavismo apenas repetiu a fórmula.
Como se vê, a culpa só pode ser nossa.
E justamente por ser nossa é que torço para que saibamos aguentar o atual período, senão com serenidade, com um mínimo de altivez. De senso de responsabilidade.
E que de uma vez por todas tomemos consciência, senão do que presta, ao menos do que não funciona.
No título deste texto eu disse que “um dia a casa cai”. Entretanto não me refiro à ruptura democrática ou algo do tipo. O meu maior temor é que essa espiral de bandalheira e desacertos não tenha volta.
Algo que hoje não pode ser descartado.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF