A declaração é do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e foi concedida na última sexta-feira: “Não podemos admitir qualquer tipo de fala, de ato, de menção que seja atentatória à democracia ou que estabeleça retrocesso. Tudo quanto houver de especulações em relação a algum retrocesso à democracia, como a frustração das eleições próximas, é algo que o Congresso, além de não concordar, repudia veementemente. Todo aquele que pretender algum retrocesso ao Estado Democrático de Direito será apontado pelo povo brasileiro como inimigo da nação”.
Durante a coletiva, Pacheco não deixou de fazer mesuras e tratou de não alimentar o clima ruim entre militares e senadores — estabelecido com a nota estapafúrdia das FAA’s em que, em vez de repudiarem o envolvimento dos seus em casos de corrupção e anunciar investigações internas, preferiram atacar o presidente da CPI, senador Omar Aziz —, mas, como se vê, não mordeu a língua ao condenar as últimas declarações de Bolsonaro.
Quem se manifestou em seguida foi o presidente do Superior Tribunal Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso: "Desde a implantação das urnas eletrônicas em 1996, jamais se documentou qualquer episódio de fraude. Nesse sistema, foram eleitos os presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro. Como se constata singelamente, o sistema não só é íntegro como permitiu a alternância no poder". A resposta às inconsistentes falas de Bolsonaro sobre a lisura das urnas eletrônicas e sua insistente campanha pela volta do voto impresso terminou ainda melhor: “Qualquer atuação no sentido de impedir a sua ocorrência viola princípios constitucionais e configura crime de responsabilidade”.
Cada vez mais encurralado, Bolsonaro dá sinais de desespero. Convenhamos, motivos não lhe faltam: sua popularidade definha, Lula disparou nas pesquisas e todos já sabem que ele prevaricou.
O cerco começa a se fechar e é necessário que se feche logo. Não dá mais para o país ser comandado por alguém tão despreparado e corrupto. Não quando precisamente por conta dessas duas características, tão emblemáticas do presidente e de seu governo, caminhamos para seiscentos, setecentos, quiçá oitocentos mil mortos vítimas da pandemia.
É ultrajante imaginar que o presidente da República tenha optado pelo morticínio de dezenas de milhares de brasileiros em prol da agenda econômica, por meio da qual viabilizaria seu projeto político. É ultrajante, mais foi exatamente o que aconteceu.
Jamais será esquecido que, enquanto brasileiros morriam às pencas, a administração de Jair se negava a comprar vacinas. Que decidiu pela quantidade mínima oferecida pelo consórcio Covax Facility, protegendo apenas 10% da população, quando poderia ter imunizado 50%. Jamais será esquecido, mas isso não é suficiente.
Tampouco ficarmos indignados com as maracutaias que envolveram militares, policiais e até um reverendo, quando precisávamos urgentemente de vacinas e de uma liderança que encorajasse a população a se proteger de uma doença incurável, não de ser chamada de “marica” e estimulada a se expor ao contágio.
Mais do que nunca, o país precisa que as instituições funcionem para que todas as denúncias sejam investigadas e os malfeitos responsabilizados. Doa a quem doer. Inclusive, e especialmente, o presidente mais inepto em toda a história da República. O mais avesso à democracia desde a ditadura militar, e que mais abertamente atacou e enfraqueceu mecanismos de combate à corrupção.
Na verdade, é um alento que Bolsonaro esteja com medo e dê sinais de desespero com faniquitos e grosserias. Significa que este pesadelo, de uma maneira ou de outra, está próximo de terminar.
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