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Autoritário, misógino, homofóbico, racista, engodo. Há 2 anos, inúmeros adjetivos foram atribuídos a Jair Bolsonaro. O resultado da eleição não os deslegitimou, mas é forçoso reconhecer que o capitão tem se mostrado hábil na defesa de seu governo.

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O momento está longe de poder ser considerado alvissareiro, todavia pautas até pouco tempo populares, como impeachment e ruptura institucional, desapareceram. No afã de justificá-lo, há quem aponte para a oposição desorientada, espectadora dos movimentos de Lula e refém da polarização.

Também há quem estabeleça uma analogia entre os efeitos causados pelo atentado em Juiz de Fora e a pandemia. O argumento é o de que, assim como a facada, a Covid-19 foi benéfica para Bolsonaro. Se a primeira o blindou de ataques e justificou sua ausência em debates, a segunda esvaziou as ruas, ainda que não tenha evitado os panelaços.

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Ponderar é possível, negar que o presidente vem conseguindo trocar de fantasia com a bicicleta em movimento se torna cada vez mais complicado.

Ao se aproximar do centrão, com uma só tacada Bolsonaro podou os rumores sobre o seu afastamento e ainda melhorou a relação com o Congresso.

Quanto à implementação do auxílio emergencial, o mérito é de outra ordem. Ao capitão custou perceber que ele poderia melhorar sua popularidade — e ainda contou com a a determinação do Senado para que a ajuda fosse maior.

Não faria sentido argumentar que o pior presidente na história da República é um exímio estrategista. Não faria sentido e não é este o caso, como os episódios das demissões de Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta confirmaram.

Moro cristalizava a principal bandeira do bolsonarismo, o combate à corrupção, e Mandetta tornara-se porto seguro para uma sociedade tão aterrorizada quanto aflita pela ameaça do coronavírus. Pois, o que fez o presidente? Enfrentou a opinião pública com a valentia dos energúmenos e fritou os dois.

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Isto sem falar na expiação pública de Paulo Guedes, como se a intenção fosse esfregar na fuça do mercado quem manda.

Há lógica na alcunha "Bozo" e Jair Bolsonaro está muito longe de poder ser comparado a Lula em astúcia. Contudo seu instinto de sobrevivência e um fisiologismo dos mais rasteiros têm sido suficientes para dar um olé na oposição.