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Paulo Guedes, Sérgio Moro, Olavo de Carvalho e a Faria Lima viram em Bolsonaro um cavalo selado — notoriedade, viabilidade política, guerras culturais e Estado mínimo eram almejados. Para nossa sorte, Jair se mostrou um pangaré.

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Pinço cenários que se bem encaminhados iriam de encontro aos interesses nacionais por serem emblemáticos. O meu regozijo com os constantes fracassos do governo, no fundo, é cada vez mais amplo e sincero.

Sugerir torcida contra diante da perspectiva de que a pandemia nos tire trezentas mil vidas até o meio do ano pode parecer absurdo. Talvez tão absurdo quanto prescrever o fictício tratamento precoce e não conseguir coordenar uma campanha nacional de vacinação. É que, com Bolsonaro no Palácio, sempre podemos piorar.

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Caso o presidente atentasse contra a democracia com o mesmo afinco com que blinda seus filhos da Justiça, por exemplo, estaríamos em situação ainda mais perigosa. Em especial se a última flor do lácio não lhe fosse tão desafiadora.

O carisma de um Lula ou o dom de oratória de um Barack Obama seriam recursos úteis para qualquer político. No caso de Bolsonaro, em meio ao corte do auxílio emergencial e o aumento do desemprego, sobretudo com atrasos na imunização enquanto contabilizamos mais de mil óbitos ao dia, um fiapo de bom senso já faria diferença.

A boa notícia é que não corremos o menor risco de ver o mito adotando posicionamentos de estadista.

Orgulhoso da própria ignorância e prenhe de rudeza, Jair continuará sendo um mandatário abaixo da linha da mediocridade. Incapaz de delegar o que quer que seja, só nomeia quem se sujeita à sua visão de mundo tacanha, ao seu senso estético repulsivo e à sua desconexão com o humanismo.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada sexta-feira (22), a maioria dos brasileiros ainda desaprova a abertura de um processo de impeachment — embora a rejeição ao governo tenha aumentado em quase 10 pontos.

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Não tenho dúvidas de que interromper de uma vez esse processo autodestrutivo seria melhor para o país, mas reconheço que enfrentar as consequências da pior escolha feita em gerações possa trazer benefícios.

Nesse caso, rogarei para que Bolsonaro continue dilapidando a imagem do Brasil no exterior. Que a cada dia nos tornemos mais infelizes e que a nossa saúde mental comece a faltar. Quem sabe assim, na base do trauma, não passamos a rechaçar de vez radicalismos e líderes populistas?

Passada metade do mandato deste que decerto é o pior presidente na história da República, eis a quimera que só Bolsonaro na presidência é capaz de oferecer: tornar sensato o “quanto pior, melhor”.