Não votarei em Jair Bolsonaro. Considero anedótico que estejamos para eleger novamente alguém sem experiência para o cargo mais importante do país e reprovo a sua visão de mundo. Ainda assim, tampouco Haddad receberá o meu endosso. E as reações de parte dos meus amigos contrários ao candidato do PSL por conta desse meu posicionamento não têm sido das mais compreensivas.
Nessas horas, é bom contar com a empáfia petista. Não que faltem argumentos históricos para que alguém se recuse a apoiar o PT, mas é sempre positivo quando grão-mestres do partido reafirmam o porquê de tamanha rejeição.
Foi este o caso de ontem, quando a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, afirmou que a legenda “não tem de pedir desculpas por ter chegado ao segundo turno”. A declaração teve como contexto a postura do PDT em não se posicionar mais firmemente ao lado de Haddad, com destaque para o fato de Ciro Gomes ter preferido ir à Europa após o encerramento do primeiro turno.
Em que pesem as diferenças políticas e ideológicas que alguém possa ter em relação a Ciro, não me parece possível deixar de nutrir empatia pela sua postura. Como de hábito, o PT pensou apenas em si. Ignorou os interesses da própria esquerda e arrastou consigo o candidato pedetista ao bloquear possíveis alianças. Agora, lança mão de um conveniente discurso de unidade em prol da democracia para favorecer o seu candidato. Resumindo, além da arrogância, sobra cara de pau.
Nesse contexto, o discurso do senador eleito pelo PDT, Cid Gomes, na noite da última segunda-feira, foi lapidar.
Durante evento pró-Haddad no seu Ceará, Cid, irmão de Ciro, desfiou para uma plateia de militantes a realidade dos fatos. Defendeu que o Partido dos Trabalhadores peça desculpas ao Brasil, que o PT “criou” Bolsonaro e que vai “perder feio” esta eleição. Como era de se imaginar, sofreu apupos imediatos, mas nem por isso mordeu a língua quando surgiram cânticos em homenagem a Lula: “Lula? Lula está preso, ô babaca!”.
Ciro fez muito bem em esnobar o oportunismo de Haddad. Assim como Cid merece ser parabenizado por ter tido a coragem de escancarar, in loco petista, a prepotência de quem se recusa a lidar com a realidade, mesmo após ser desmascarado em atos repetidamente criminosos, nocivos ao Brasil e à democracia.
E ninguém deveria ser constrangido por se negar a votar no Partido dos Trabalhadores diante de tamanho descalabro e uma de postura tão antipática.
Afinal, se a realidade de um governo Bolsonaro é a cada dia mais concreta, isso se deve justo a essa maneira de fazer política tão maquiavelicamente desenhada por Lula e seus comparsas. Quem se recusa a estender a mão ao PT é, acima de tudo, vítima. E deve ter o direito de virar o rosto para quem foi e continua sendo o seu carrasco.
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