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O astro do rock britânico Roger Waters - Foto: Reprodução
O astro do rock britânico Roger Waters - Foto: Reprodução| Foto:

Entre o final da década de 20 e o começo da década de 30, o mundo assistiu a contrações em economias importantes, derivadas de três momentos históricos: o crash da Bolsa de Nova Iorque, o colapso da República de Weimar, no período pós-Primeira Guerra Mundial, e a Guerra Civil espanhola. A queda do PIB foi brutal em todas essas situações, chegando a bater os 35% no caso dos espanhóis. Só em 2008 voltamos a testemunhar depressões parecidas, com a crise grega e a Guerra Civil síria. Em termos de deterioração econômica, diga-se, esse último episódio extrapolou todos os demais, com a economia local recuando em até 75%.

Pois a economia da Venezuela, país detentor das maiores reservas de petróleo bruto do mundo, já atrofia em 65%.

Falo aqui em Produto Interno Bruto apenas para fazer um paralelo. Para mostrar como a ditadura bolivariana imposta por Nicolás Maduro é capaz de ser danosa. Não é à toa que, em pesquisa recente, 64% dos venezuelanos afirmam ter emagrecido em média 11 quilos no último ano. Isto sem falar, é claro, em repressão, mortes, prisões e asfixia da imprensa.

Pois, mesmo com todo esse cenário escancarado e mais de meio mundo reconhecendo o opositor Juan Guaidó presidente interino da Venezuela, eis que a esquerda brasileira e celerados internacionais, como o músico Roger Waters, teimam em endossar a tirania, a barbárie, o autoritarismo.

As opiniões do astro internacional a respeito da Venezuela me provocam repulsa, confesso, mas não espanto. Aqui mesmo, no Brasil, não faltam artistas incorrigivelmente presos à bolha ideológica comum à sua classe. No caso de Waters, deve inclusive haver uma questão geracional.

Já o posicionamento do PT e do PSOL, apenas para ficar nas legendas, não só ofende pela ausência de empatia e até de humanidade, também provoca um desserviço entre nós, tanto no debate ideológico quanto no político. Estabelece o empobrecimento das nossas conversas, uma vez que grande parte da população não é afeita a debates profundos e se resigna a escolher lados — tendendo assim a repetir versões, fortalecendo com isso o pensamento único na seara política.

Claro que os bolsonaristas não estão nem um pouco preocupados com essa postura. Afinal, qual é o problema se a esquerda faz de tudo para encurralar a si mesma, alijando-se desta forma de importantes debates?

E o pior é que a pergunta não deixa de fazer sentido. Agora mesmo, quando o país clama por reformas econômicas fundamentais para a retomada do crescimento, espanta a capacidade de Freixos, Gleisis, Boulos e tantos outros em litigar contra o que é óbvio.

Contudo, insisto, no fim das contas é ruim termos uma oposição amalucada, tão desconectada do país e do mundo, avessa ao diálogo e ao bom senso.

No caso da Venezuela, ainda que não capitulassem por uma questão ideológica, que pelo menos fosse pela humanitária.

Renan Calheiros recentemente e o próprio governo, assim como aqueles que passaram, já deram inúmeras demonstrações de que, na política, a estratégia pode às vezes atropelar a razão.

Desta vez, porém, essa opção não está disponível. Tudo tem limite.

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