Em reportagem de Jamil Chade, para o Estadão, a Fifa anunciou que reconhece como oficiais apenas os mundiais de clubes a partir do ano 2000, quando passou a organizar a competição. Ou seja, no caso dos brasileiros, são campeões do mundo, de fato e de direito, apenas o Corinthians (2000 e 2012), São Paulo (2005) e o Internacional (2006).
Antes disso, a Fifa reconhece a importância das disputas, mas, entretanto, não as considera oficiais. Ou seja, mais uma vez no caso dos brasileiros, o Santos (62 e 63), Flamengo (81), Grêmio (83) e São Paulo (92 e 93) não são campeões com a chancela da entidade. O mesmo vale para o Palmeiras, em 1951.
A posição da Fifa, agora presidida por Gianni Infantino, é diferente da tomada pela entidade há pouco tempo, em 2015, quando era dirigida por Joseph Blatter. Na ocasião, o Estadão fez a mesma consulta e a resposta foi sucinta, sem abordar as diferenças entre os torneios intercontinentais.
E uma terceira posição foi tomada um ano antes, em 2014. Na oportunidade, Joseph Blatter comentou que enviaria um certificado para cada um dos campeões dos torneios e, efetivamente, reconheceu o título do Palmeiras como um mundial. Dá para entender? Um tanto esquizofrênico, não?
É só mais uma amostra de como as coisas são tratadas no nível da cartolagem. Ninguém sabe exatamente o que deve ser feito. O que vale num ano, não vale no outro. As competições crescem e diminuem de temporada para temporada. Não há critérios, não há controle e, principalmente, não há cobrança por parte de clubes e entidades nacionais.
E ainda há quem leve a sério o que a Fifa pensa ou deixa de pensar. O Santos de Pelé não bateu o Benfica em dois jogaços em 62? O Flamengo não arrasou o Liverpool em 81? O Grêmio não derrubou o Hamburgo com show de Renato Gaúcho em 83? E o que dizer do clássico São Paulo de Raí, contra Milan e Barcelona?
Se a Fifa não reconhece, oficialmente, como títulos mundiais, problema é dela.
Não sei se tem alguma relação com o fato de o Brasil ser um país “cartorial” e, logo, o brasileiro adorar um selo, uma firma reconhecida, uma autênticação qualquer e viver preocupado com o tal reconhecimento. Só vale se tiver o “ok” de alguma entidade, seja da Fifa ou da CBF.
Em todo o caso, já está mais do que claro que o que a “entidade máxima do futebol” pensa a respeito dos mundiais pouco importa.
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