A Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) vota nesta segunda-feira (12), a partir das 14h30, o projeto que propõe o retorno da cerveja aos estádios do Paraná. Aprovado em todas as comissões da casa, o tema terá, enfim, a apreciação dos deputados no plenário, que estará aberto ao público.
Ou seja, vencidos todos os trâmites, é quando começa o “show”. No púlpito, os deputados poderão opinar sobre o tema e, finalmente, decidir se a bebida alcoólica (cerveja e chope, exclusivamente) retornará aos estádios do Paraná após quase 10 anos. Beber nos jogos de futebol no estado foi proibido em 2008.
E como todo tema polêmico, a verdade está nos bastidores. Neste caso, a votação do projeto de lei 50/2017 deflagra uma guerra que opõe, basicamente, Atlético e Coritiba, e a bancada evangélica da casa legislativa, liderada pela deputada Cantora Mara Lima (PSDB). Quem terá mais forças?
Não é a primeira tentativa. Em 2015, na Câmara de Vereadores de Curitiba, projeto semelhante acabou derrubado depois de ter sido aprovado em primeira votação. Pesou a pressão do Ministério Público, da Polícia Militar e, especialmente, a disposição dos vereadores da comunidade religiosa.
A partir daí, a ideia ficou adormecida por alguns meses. Tempo em que ocorreram eleições no Atlético, no final de 2015, com vitória da chapa liderada por Mario Celso Petraglia, eleito presidente do Conselho Deliberativo. E foi a partir dos bastidores da Baixada que, aos poucos, o desejo de acabar com a lei seca foi sendo retomado.
Para tanto, o Furacão contou com dois deputado que são próximos de sua diretoria: Luiz Cláudio Romanelli (PSB), autor do projeto na Alep, e Alexandre Curi (PMDB). O Rubro-Negro passou a dispor também, prontamente, do reforço do rival Coritiba, na figura de seu presidente, Rogério Bacellar.
E por que tanto interesse da dupla Atletiba?
É simples. Mais do que questões de segurança (importantes, claro) e costumes, a liberação da cerveja representa um ganho financeiro considerável. Com a bebida liberada, é certeza de mais dinheiro em caixa, através da venda nos estádios, naturalmente, e de parcerias comerciais (patrocínios, placas, naming rights etc).
Há um cálculo, modesto, de faturamento de cerca de R$ 100 mil por partida, montante vindo apenas do balcão. Com quatro jogos no mês, seria um reforço de aproximadamente R$ 400 mil. Num cenário de gastos cada vez maiores no esporte, e de concorrência acirrada, é grana importante.
Não por acaso, no início do ano os presidentes da dupla Atletiba, Luiz Sallim Emed, do Rubro-Negro, e Bacellar, do Alviverde, foram publicamente defender a liberação na Alep. Veja neste link detalhes da aparição e dos argumentos da dupla, que não contou com o apoio do Paraná Clube.
Entretanto, para derrubar o veto, será preciso encarar forças poderosas. Além da bancada evangélica, reforçada por figuras como como o deputado Missionário Ricardo Arruda (DEM), deputado que apresentou projeto para banir a bebida até das cercanias dos estádios, Polícia Militar, Ministério Público e outras representações vão se opor novamente.
A discussão será quente. Para fazer pressão no plenário, o Atlético destacou a Assocap, grupo de apoio da diretoria do clube, que se reuniu na semana passada para ajustar a operação. O grupo dos favoráveis acredita que já tem 25 deputados apoiando. São 54, e é necessário atingir maioria simples para o projeto prosperar.
Nesta segunda-feira (12), portanto, a guerra pela liberação da cerveja terá, finalmente, seu capítulo mais importante.